Política
Alckmin chama Bolsonaro de ‘desocupado’ e evita nacionalizar eleição de São Paulo
A postura diverge da estratégia de Lula, que atrai o ex-capitão para o centro da disputa na capital paulista
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) classificou Jair Bolsonaro (PL) como “um descoupado” e criticou a “falta de apreço” do ex-presidente pela democracia. Ele também minimizou a nacionalização da eleição municipal de São Paulo, em movimento oposto ao de Lula (PT).
As declarações foram concedidas em entrevista ao UOL, nesta quarta-feira 24.
“O ex-presidente é um desocupado”, afirmou o vice. “Não é que ele atrapalha o governo, é uma coisa meio panfletária, meio descompromissada com as coisas, fake news. E advoga uma tese quase incivilizatória. Quem não é democrata não deve participar da eleição.”
Questionado sobre a disputa pela prefeitura de São Paulo, Alckmin declarou que “eleição municipal é local” e disse que “apoios ajudam, mas não são o fator decisivo”.
A postura diverge da estratégia de Lula. Principal cabo eleitoral de Guilherme Boulos (PSOL), o presidente terá pela frente uma aliança entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, e Bolsonaro.
Alckmin, por sua vez, apoia Tabata Amaral (PSB).
“O PT é um partido, o PSB é outro. E o PSB tem uma menina de grande valor, que é a Tabata Amaral”, disse o vice. “Ela se predispôs a ser candidata. Jovem, de família muito humilde, estudou em Harvard e é deputada federal. E a eleição é em dois turnos.”
Ele avalia que Boulos é o favorito, mas não tem um lugar garantido no segundo turno. “Acho que a Tabata tem chance, vai disputar o segundo lugar. Precisa ir para o segundo turno.”
Se Alckmin tenta reduzir o peso nacional da corrida à prefeitura paulistana, Lula insiste no caminho oposto.
“Na capital de São Paulo é uma coisa muito especial. Uma confrontação direta entre o ex-presidente e o atual presidente, é entre eu e a figura“, disse o presidente, na terça-feira 23, em entrevista à rádio Metrópole da Bahia.
Lula articulou o retorno da ex-prefeita Marta Suplicy ao PT para assumir a vice de Boulos, na tentativa de tornar a chapa mais competitiva em regiões periférias da capital. Do outro lado, Nunes contou nos últimos dias com uma participação efetiva do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e ainda aguarda um desembarque mais entusiasmado de Bolsonaro na pré-campanha.
A “senha” para nacionalizar o pleito de 2024 veio em 8 de dezembro, durante uma conferência do PT. Na ocasião, Lula afirmou que “essa eleição será outra vez Lula e Bolsonaro disputando nos municípios”.
Nesta terça, uma pesquisa CNT/MDA indicou que Lula é um cabo eleitoral mais influente que Bolsonaro para as disputas municipais: 33,5% dos entrevistados responderam que têm mais chance de votar em um candidato a prefeito apoiado pelo presidente ou apoiador dele. No caso de Bolsonaro, o índice é de 15,7%.
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