Os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), vão ter de explicar suas ligações com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para a CPI que investiga os negócios de Cachoeira com agentes públicos e privados. Os dois foram convocados nesta quarta-feira (30), mais de um mês depois da instalação da CPI, mas ainda não há data para ouvi-los. Quem se livrou da CPI foi o outro governador contra o qual há suspeitas. Graças a uma ação conjunta de PT, PMDB e PSDB, o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB) não precisará prestar depoimento por enquanto.
Durante a votação, o debate foi acirrado por conta de uma divisão entre os aliados de Perillo, que defendiam a votação em bloco dos três governadores, e os parlamentares governistas. Os últimos alegavam que o grau de envolvimento de Perillo com o suposto esquema criminoso é bem maior que o envolvimento de Agnelo e Cabral. Com isso, os líderes governistas exigiram a votação em separado dos nomes dos três governadores. “A comissão abre portas para a condenação, mas também pode abrir portas para as justificativas. Não podemos tratar coisas iguais como coisas diferentes”, disse Álvaro Dias (PR), líder do PSDB no Senado. “Não podemos tratar o diferente como igual. Quem faz isso aqui na CPMI está na tentativa de partidarizar o debate”, considerou a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Perillo foi convocado com votação unânime. Na terça-feira (29), em aparição surpresa no Congresso, Perillo já havia informado à CPI que gostaria de prestar depoimento. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) questionou a necessidade de uma convocação diante da afirmação de Perillo, mas não conseguiu convencer os colegas. Assim, mesmo os parlamentares tucanos da CPI votaram pela convocação do governador de Goiás.
Já a convocação de Agnelo foi aprovada por 16 votos favoráveis e 12 votos contrários. Correligionários de Agnelo no PT e outros parlamentares governistas tentaram impedir a convocação do governo do DF, mas foram derrotados. Há especulações de que parlamentares do PMDB votaram pela convocação de Agnelo em represália à quebra de sigilo da construtora Delta em âmbito nacional. A Delta, de Fernando Cavendish, amigo de Sérgio Cabral, é acusada de fazer parte do esquema criminoso de Cachoeira e de ter sido favorecida em contas de diversos governos.
PSDB ajudou Cabral
A escapada de Sergio Cabral foi mais surpreendente. Como deixou claro o deputado Cândido Vaccarezza em mensagem via celular tornada pública (), o PT votaria contra sua convocação em aliança com o PMDB, partido de Cabral. O fator inesperado foi a parceria de parlamentares do PSDB com petistas e peemedebistas para livrar o governador do Rio de Janeiro. O resultado foi uma votação de 17 a 11 contra seu comparecimento à CPI.
CPMI quebra sigilos de Demóstenes Torres
A CPI do Cachoeira aprovou também nesta quarta-feira, por unanimidade, a quebra dos sigilos bancários, fiscal e telefônico do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Além desses sigilos, que são previstos pela Constituição Federal, a comissão também aprovou a abertura dos sigilos das mensagens de e-mail e via telefone, do senador, nos últimos dez anos.
Demóstenes é investigado pelo seu envolvimento com Cachoeira. Na terça-feira (29), em depoimento ao Conselho de Ética do Senado, Demóstenes confirmou sua ligação com Cachoeira, mas negou ter recebido dinheiro do empresário e disse não ter ciência do envolvimento de Cachoeira com atividades ilícitas. O depoimento de Demóstenes na CPMI está previsto para quinta-feira, mas seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, informou que apresentará um pedido para que ele possa não compareça.
Com informações da Agência Brasil