Advogado de Bolsonaro tenta ‘corrigir’ declaração do ex-capitão sobre minuta golpista

Investigadores da PF confirmaram, na segunda-feira, que usarão o trecho do discurso do ex-presidente como uma das provas de que ele tinha conhecimento da trama golpista

Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

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O advogado Paulo Cunha Bueno, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tentou ‘corrigir’ uma das declarações do ex-capitão durante o ato realizado na Avenida Paulista, neste domingo. O trecho em questão trata da minuta golpista e foi apontado por fontes da PF como uma das provas a serem incluídas no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado articulada no entorno do ex-presidente.

Durante o seu discurso, Bolsonaro admitiu a existência de documentos que visavam decretar o Estado de Defesa ou de Sítio e, com isso, anular as eleições de 2022, que deu vitória ao presidente Lula (PT). No trecho, proferido no caminhão de som, o ex-capitão alega que a medida adotada no documento seria constitucional.

Para integrantes da Polícia Federal, o trecho soa como uma confissão de que Bolsonaro tinha conhecimento do documento encontrado na casa do ex-ministro Anderson Torres. O arquivo é considerado um dos pilares da trama golpista. As declarações serão adicionadas ao relatório que investiga o caso.

O defensor de Bolsonaro, porém, afirmou que o ex-capitão não se referia ao documento investigado pela PF. Ele alega que a minuta citada por Bolsonaro foi recebida por ele em outubro 2023 e que, portanto, já estava fora do cargo de presidente. A tentativa de correção de rota foi feita por Cunha Bueno em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira 26.

“Declaração do presidente foi em cima da minuta que ele só teve conhecimento em outubro de 2023. Não reforça em nada a investigação, porque foi a primeira minuta que ele viu. Não tinha visto antes”, disse Bueno à Folha.

A minuta citada por Bolsonaro na Paulista, alega, faria parte dos autos aos quais a defesa teve acesso em 18 de outubro. O documento teria sido impresso para melhor leitura.


O texto em questão, sustenta o advogado, teria sido encontrado pela PF, no início de fevereiro, na sala do ex-presidente na sede do PL em Brasília. Nele, estava contida a declaração do Estado de Sítio e decretação de uma GLO após a derrota nas eleições.


O advogado e professor de Direito Constitucional Pedro Serrano comenta as possíveis consequências do discurso realizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a seus apoiadores. Confira a análise no canal de CartaCapital no YouTube.

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