Política

Adesão do União Brasil ao bolsonarismo pode atingir o ministro das Comunicações

Michelle Bolsonaro oficializou o apoio do PL a Efraim Filho na Paraíba. O senador informou que entregará cargos indicados, mas Alcolumbre quer manter Frederico Siqueira

Adesão do União Brasil ao bolsonarismo pode atingir o ministro das Comunicações
Adesão do União Brasil ao bolsonarismo pode atingir o ministro das Comunicações
O ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, ao lado do presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Com a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o apoio oficial do Partido Liberal à sua pré-candidatura ao governo da Paraíba na sexta-feira 25, o senador Efraim Filho, líder do União Brasil no Senado, anunciou publicamente que entregará os cargos indicados por ele no governo Lula (PT).

O movimento pode colocar em xeque a permanência de Frederico Siqueira no Ministério das Comunicações — trata-se de uma indicação do União para o lugar de Pedro Lucas (União-MA), o “quase ministro.

A adesão do União Brasil ao bolsonarismo ganhou força na última sexta, em João Pessoa, e contou com um discurso enfático da esposa de Jair Bolsonaro (PL).

“A Paraíba vai mudar a sua história com Efraim no governo do estado e com Marcelo Queiroga senador. Precisamos de vocês, homens que entendem que a política é uma ferramenta de transformação”, disse Michelle. O evento também teve a presença do ex-ministro da Saúde, pré-candidato ao Senado pelo PL da Paraíba.

A saída do União do governo

Após o evento, Efraim disse a rádios locais que todos os cargos indicados por ele ao governo federal estão à disposição. Foi específico ao se referir a postos na Codevasf e nos Correios da Paraíba. “São cargos técnicos, nem são políticos. O mesmo governo que nomeia é o mesmo que exonera.”

A decisão local, no entanto, pode se expandir para Brasília, já que o movimento do União Brasil influencia o Ministério das Comunicações. O partido já definiu que devolverá cargos do segundo escalão ao presidente Lula (PT) e estaria disposto a “sacrificar” até mesmo Frederico Siqueira.

Isso porque o gesto é articulado por Ciro Nogueira, senador pelo Piauí e presidente do PP, principal fiador da União Progressista, federação com o União Brasil. O ex-ministro de Bolsonaro tem planos ambiciosos para 2026 e deseja que o grupo deixe o governo.

E Alcolumbre? 

A saída definitiva do União do governo, com a demissão de Fred Siqueira, no entanto, esbarra na disposição do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). O senador, cujas demandas foram resolvidas por Lula, já sinalizou que estará com o governo até o fim.

Formalmente, a indicação de Siqueira ao Ministério das Comunicações, após a saída de Juscelino Filho (União), partiu de Alcolumbre, que teve dificuldade de apontar um político e foi instado a escolher uma figura de perfil técnico.

Ciro Nogueira teria, portanto, de se resolver com Alcolumbre antes de oficializar a saída de Siqueira.

Por ora, o ministro das Comunicações prepara para este ano o envio de um marco das redes sociais e da Inteligência Artificial ao Congresso Nacional. A proposta é uma das principais ideias de Lula diante do conflito diplomático com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do poderio das big techs.

Sabino, Góes e Fufuca

Os ministros do Esporte, André Fufuca (PP), da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes (União), e do Turismo, Celso Sabino (União), não entram na conta. A articulação que os conduziu à Esplanada dos Ministérios é anterior à gestão de Antônio Rueda no União Brasil e à União Progressista. Por isso, os acordos devem continuar vigentes – apesar da vontade de Ciro Nogueira de concretizar o fim de suas gestões antes do prazo de descompatibilização, em abril de 2026.

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