A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo divulgou uma nota de repúdio à declaração do presidente Jair Bolsonaro em que defendeu o fechamento dos jornais O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Em nota publicada nesta terça-feira 16, a Abraji disse que a “ameaça” é própria de “autocratas e ditadores”.
“A Abraji repudia as declarações do presidente. Ele se diz democrata, mas seus atos e palavras apontam na direção oposta. Autocratas e ditadores costumam usar estratégias discursivas para defender o fechamento de jornais: constroem, antes, um ambiente de hostilidade e demonizam a imprensa para confundir a população”, escreveu a entidade.
A organização disse ainda que, ao atacar a imprensa, Bolsonaro contrariou o Artigo 85 da Constituição, que define como crime de responsabilidade o atentado aos direitos políticos, individuais e sociais.
“É inaceitável que o presidente insinue que a mídia brasileira seja conivente com a censura e produza tão somente reportagens mentirosas”, disse a Abraji.
“Bolsonaro distorce o discurso da proteção da liberdade de expressão para atacar a imprensa. Com isso, despreza o papel fundamental de uma imprensa independente e crítica na manutenção da democracia”, prossegue a nota.
Na ocasião, Bolsonaro reclamou de uma suposta restrição do Facebook que teria impedido sua conta de receber imagens de apoiadores sobre os impostos relativos aos combustíveis. Além de defender a retirada de circulação dos jornais, também criticou o Facebook.
A declaração ocorreu em Santa Catarina, onde o presidente passou o Carnaval.
“O certo é tirar de circulação Globo, Folha de S.Paulo, Estadão, Antagonista. São fábricas de fake news. Agora, deixa o povo se libertar, ter liberdade. Logicamente, se alguém extrapolar alguma coisa, tem a Justiça para recorrer. Agora, o Facebook vir bloquear a mim e a população… É inacreditável que isso impere no Brasil. E não há reação da própria mídia”, disse Bolsonaro.
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