Esporte

A visão da ministra do Esporte sobre o caso Daniel Alves

E os planos de Ana Moser para massificar atividade esportiva no Brasil

A ministra do Esporte, Ana Moser. Foto: Júlio Dutra/MDS
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O jogador Daniel Alves, de 39 anos, foi preso nos últimos dias na Espanha, acusado de estuprar uma mulher de 23 anos em uma boate naquele país. É um caso rumoroso, pois não se trata de um atleta desconhecido, e sim de alguém que jogou três Copas do Mundo, inclusive a última, em 2022, no Catar. Qual a visão da ministra do Esporte, Ana Moser, sobre o episódio?

“A gente sabe o que aconteceu porque foi num país que tem uma política de prevenção, de controle, dentro das casas noturnas. Aqui no Brasil essa cultura e essa estrutura de proteção não existem”, diz a ministra. A acusação contra Alves feita na boate logo após o estupro levou os seguranças da casa a abordá-lo no ato. Um deles tinha uma câmera na farda que gravou a conversa com a acusadora naquela noite e deu mais credibilidade ao depoimento prestado por ela às autoridades.

“Acho que é também uma questão de comunicação. A gente tem muito para trabalhar na comunicação dentro do Ministério. Falar da própria responsabilidade que os atletas de alto rendimento têm, como figuras públicas, com o nosso poder de influência, e usar isso da melhor maneira possível”, afirma Ana Moser, ex-jogadora de vôlei. “Consciência cidadã: a gente pretende falar bastante sobre isso.”

Para a ministra, o caso Daniel Alves não é exatamente um fato esportivo. “Essas questões negativas são… acho que do Brasil como um todo”. Para ela, muitas de nossas mazelas sociais, como racismo, misoginia e violência, acontecem no futebol porque a modalidade “é a grande força cultural que a gente tem no País”.

Ana Moser entende que o esporte pode ajudar a mudar o que é a sociedade brasileira. É uma das razões para sua principal meta como ministra ser a massificação da atividade esportiva. Objetivo sobre o qual ela falou em entrevista organizada nesta sexta-feira 27 pelo Centro de Estudos de Mídia Alternativa “Barão de Itararé”, da qual CartaCapital participou.

“Eu acredito, sim, que uma sociedade que tem esporte é uma sociedade muito mais solidária, muito mais empática”, diz a ministra. O esporte, de acordo com ela, tem uma ética segundo a qual aquilo que se faz pelo coletivo, por um time, por exemplo, vale mais do que palavras. “Pessoas que fazem esporte acabam vivendo essa ética.”

A atividade esportiva pode ser massificada, na visão de Ana Moser, aproveitando-se três serviços públicos existentes: escolas, SUS e sistema de assistência social. A junção entre escolas e esporte é clara: quadras esportivas, por exemplo. E na saúde? O SUS tem profissionais formados em educação física que podem estimular a prática de esporte por aqueles que buscam a rede de saúde.

A forma de aproveitar os três serviços públicos para expandir o esporte será estudada pelo time de Ana Moser.

Com o Congresso prestes a reabrir (será em 1o de fevereiro), a ministra crê ser importante a aprovação da Lei Geral do Esporte e do Plano Nacional do Esporte. A primeira é um projeto de 2017 nascido no Senado, que foi aprovado pelos deputados em 2022 e terá de passar por nova votação entre os senadores. O segundo surgiu na própria Câmara em 2022 e agora também está no Senado.

Juntas, as duas propostas definem metas, diretrizes, divisão de tarefas entre os entes públicos e (ponto fundamental) fontes de financiamento das políticas para o setor. Ana Moser vê com simpatia a taxação de sites de apostas, algo que poderia reforçar o caixa das políticas públicas. “É uma coisa muito nova e que fatalmente o Congresso vai atacar rapidamente.”

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