A Última cartada

Empacado nas pesquisas e perigando ser derrotado no primeiro turno, Bolsonaro aposta todas as fichas na difusão em massa de fake news

Imagem: Isac Nóbrega/PR

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Em meados de setembro, viralizou nas redes sociais um vídeo em que os apresentadores do Jornal Nacional, William Bonner e Renata Vasconcellos, expõem o resultado de uma pesquisa eleitoral na qual o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, estaria liderando as intenções de voto com 46%, na frente do ex-presidente Lula, do PT, que teria 31%. As vozes dos dois jornalistas são praticamente idênticas às originais, a leitura labial idem, mas as informações são falsas. A adulteração foi possível graças a uma técnica com base na Inteligência Artificial que deu origem ao chamado deepfake. Esse recurso deve ser a bala de prata de Bolsonaro para tentar reverter a grande desvantagem eleitoral e angariar votos na reta final da campanha, uma aposta para levar a ­disputa para o segundo turno.

De fato, lançar mão da desinformação parece ser a última cartada do ex-capitão, uma vez que não deram certo a farra com dinheiro público para turbinar o Auxílio Brasil, a redução do preço dos combustíveis nem a derrama de recursos para atender ao orçamento secreto, iniciativas claramente eleitoreiras. A tentativa de demonizar Lula junto ao eleitorado evangélico também teve efeito limitado. Da mesma forma, o projeto golpista de Bolsonaro não angariou força suficiente para se consolidar, restando-lhe apenas a mentira ou meias-verdades como alternativas.

Os deepfakes emergem como nova ameaça nas eleições deste ano

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1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 23 de setembro de 2022 16h58
A fábula do encontro da verdade com a mentira, nos faz lembrar das fake news bolsonaristas. Do seu desespero com a derrota fragorosa iminente nas eleições de outubro. Quando a desonestidade e a enganação são normalizadas numa campanha política, a verdade pouco importa? Não, o fato é que Bolsonaro mentiu e iludiu o seu eleitorado por quase 4 anos de governo e chegou a hora dele prestar contas com o país. Agora a farsa acabou. Muitas pessoas e muitos veículos de comunicação virão o que é mentir para o povo a respeito de um partido político e de um certo político. Acabaram despolitizando e levando o país a ser governado por um Bolsonaro. As instituições e a Justiça Eleitoral precisam ficar atentas a metralhadora giratória de mentiras do extremismo bolsonarista e puni-los com todo o rigor. A maior verdade que Bolsonaro não quer saber é que será derrotado nas urnas, por isso se utiliza das artimanhas do que sabe fazer, mentir. Mas , felizmente, as pessoas não acreditam mais nele. Parece mesmo que o povo acordou , depois de quase 700 mil mortos pelo COVID, Fome, Desemprego, miséria, negacionismo, terraplanismo, destruição das florestas, matança de indígenas, de trabalhadores rurais de tanta tragédia e enganação. O povo está cansado, quer comer, se vestir e estudar. Num futuro iminente Bolsonaro estará num dicionário e será sinônimo de mentira.

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