A Semana: Governo/ Um bode para imolar

Dias após a Petrobras aumentar novamente o preço do diesel, Bolsonaro rifa o ministro de Minas e Energia, mas o real motivo da troca é outro

Sai o almirante, entra o discípulo de Paulo Guedes - Imagem: Marcelo Camargo/ABR

Apoie Siga-nos no

Bolsonaro e sua equipe econômica tomaram a decisão política de liberar o reajuste do preço dos combustíveis conforme a variação da cotação internacional do petróleo e de seus derivados. Como é de conhecimento até do mundo mineral, a União é acionista majoritária da Petrobras. Se desejasse, o governo federal poderia perfeitamente aprovar uma regra específica para o mercado doméstico no Conselho de Administração da empresa de economia mista, visando proteger os consumidores brasileiros das variações mais abruptas do mercado. Em vez disso, priorizou a obtenção de lucros, para irrigar os cofres do próprio governo e para satisfazer os acionistas minoritários.

Talvez acometido por uma súbita perda de memória, Jair Bolsonaro agora considera os lucros da Petrobras exorbitantes. Ou, em ­suas próprias palavras, “um estupro” contra a população brasileira. E anunciou, na quarta-feira 11, a troca de comando no Ministério das Minas e Energia. Dois dias após a companhia reajustar em 8,87% o preço do diesel nas refinarias, o ex-capitão decidiu rifar o almirante Bento Albuquerque e nomear como ministro Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica. Seguindo a tradição judaica, sacrificou um bode e elegeu outro para expiar a culpa de suas próprias escolhas. Ou o presidente acredita que o discípulo de Paulo Guedes vai interferir na política de preços da petroleira, à revelia do deus mercado?

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.