Bolsonaro e sua equipe econômica tomaram a decisão política de liberar o reajuste do preço dos combustíveis conforme a variação da cotação internacional do petróleo e de seus derivados. Como é de conhecimento até do mundo mineral, a União é acionista majoritária da Petrobras. Se desejasse, o governo federal poderia perfeitamente aprovar uma regra específica para o mercado doméstico no Conselho de Administração da empresa de economia mista, visando proteger os consumidores brasileiros das variações mais abruptas do mercado. Em vez disso, priorizou a obtenção de lucros, para irrigar os cofres do próprio governo e para satisfazer os acionistas minoritários.
Talvez acometido por uma súbita perda de memória, Jair Bolsonaro agora considera os lucros da Petrobras exorbitantes. Ou, em suas próprias palavras, “um estupro” contra a população brasileira. E anunciou, na quarta-feira 11, a troca de comando no Ministério das Minas e Energia. Dois dias após a companhia reajustar em 8,87% o preço do diesel nas refinarias, o ex-capitão decidiu rifar o almirante Bento Albuquerque e nomear como ministro Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica. Seguindo a tradição judaica, sacrificou um bode e elegeu outro para expiar a culpa de suas próprias escolhas. Ou o presidente acredita que o discípulo de Paulo Guedes vai interferir na política de preços da petroleira, à revelia do deus mercado?
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login