A pedido de tucano, Justiça barra projeto de Doria para Interlagos

O vereador Mário Covas Neto recorreu ao TJ sob o argumento de que proposta de privatização não passou por comissão presidida por ele

O prefeito acelerou em Interlagos, mas foi acusado de ultrapassagem ilegal pelo companheiro de equipe

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O objetivo era aprovar o projeto de privatização de Interlagos na semana em que o autódromo recebe o Grande Prêmio de Fórmula 1, mas uma possível ultrapassagem irregular pode frustrar os planos de João Doria, prefeito de São Paulo. A reclamação veio de um companheiro de equipe, um comportamento cada vez mais frequente na escuderia tucana. 

Um dia após Aécio Neves destituir Tasso Jereissati da presidência do PSDB e instaurar uma crise entre governistas e parlamentares favoráveis ao desembarque da gestão de Michel Temer, o tucano Mário Covas Neto mostra que as divisões na legenda também se reproduzem em São Paulo.

Contrariado com o fato de o projeto de Doria não ter passado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Municipal, presidida por Covas Neto, o vereador recorreu ao Tribunal de Justiça e obteve uma liminar que suspende a votação. 

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Para acelerar a tramitação, o projeto foi submetido, na quarta-feira 8, ao congresso de comissões, uma reunião de colegiados feita em plenário para acelerar a votação. A decisão foi do presidente da Câmara, Milton Leite (DEM). A proposta foi aprovada no mesmo dia com 37 votos. 

Na quinta-feira 9, o desembargador Augusto Francisco Mota Ferraz de Arruda, do Órgão Especial do TJ-SP, acolheu o pedido de Covas Neto e decidiu suspender o processo de votação até o envio de informações sobre a tramitação da proposta por Milton Leite. A presidência da Casa diz estar “absolutamente tranquila quanto à legalidade na aprovação”. 


Não é a primeira vez que Covas Neto entra em conflito com a gestão Doria. Em agosto, ele entrou com um mandado de segurança para pedir a anulação da primeira votação do pacote de desestatizações da prefeitura. O pedido foi negado em primeira instância. 

As concessões e privatizações são uma obsessão de Doria. O prefeito já conseguiu na Câmara as concessões do Pacaembu, de parques, do Bilhete Único, entre outros equipamentos públicos, e prevê ainda privatizar o complexo do Anhembi, cemitérios, além de mobiliário urbano e imóveis. 

O projeto para Interlagos prevê o repasse à iniciativa privada de quase 1 milhão de m², que devem abrigar a construção de edifíios com até oito vezes a área do lote. O autódromo será preservado, mas o kártodromo, por exemplo, não apresenta a mesma restrição. 

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