Política
A nova manobra dos advogados para tentar livrar Zambelli da prisão na Itália
A defesa da deputada bolsonarista afirmou ter acionado a Corte Interamericana de Direitos Humanos para pedir intervenção no caso


Após ver esgotadas as tentativas de soltura perante a justiça italiana, a defesa da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) decidiu apelar a outras instâncias para tentar livrar a parlamentar da prisão no país europeu. O advogado Fabio Pagnozzi, que representa a bolsonarista, afirmou ter acionado a Corte Interamericana de Direitos Humanos pedindo intervenção no caso.
Pagnozzi alega que a denúncia feita junto à instituição “visa que as garantias constitucionais, garantias de ampla defesa e garantias de cumprimento de tratado internacional entre Brasil e Itália sejam cumpridas”.
A deputada está presa na Itália desde 29 de julho, após ter fugido do Brasil e incluída na lista vermelha da Interpol diante da condenação a 10 anos de prisão pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ao lado do hacker Walter Delgatti, também condenado.
Nos últimos meses, Zambelli chegou a anunciar greve de fome e a pedir transferência para o regime de prisão domiciliar, alegando questões de saúde. O andamento do processo na justiça italiana chegou a ser atrasado para que ela passasse por exames que mostraram que não havia impedimento para a prisão em estabelecimento prisional.
“Carla Zambelli está presa sem direito a medicamento, com várias patologias, na Itália”, disse Pagnozzi ao anunciar a ação na CIDH. “Essa é uma denúncia gravíssima, que envolve tanto o processo dela no Brasil quanto a prisão na Itália, ferindo os direitos humanos. Com esta denúncia, fazendo um apelo à Comissão Internacional (sic) dos Direitos Humanos para que os direitos universais e constitucionais sejam cumpridos”, prosseguiu o advogado.
Ao apresentar a intervenção na CIDH em postagem nas redes sociais, Pagnozzi afirmou que o pedido conta com apoio de parlamentares bolsonaristas como os senadores Jorge Seif (PL-SC), Damares Alves (PL-DF) e Magno Malta (PL-ES). Além disso, acionou perfis de autoridades do Brasil, da Itália e dos Estados Unidos.
“Na denúncia, relatamos as ações do juiz sancionado pelos EUA, em conluio com magistrados italianos que têm colaborado internacionalmente para sustentar uma perseguição política contra uma parlamentar de oposição ao governo Lula, eleita com mais de um milhão de votos, um recorde no país”, afirmou, sem provas, em referência ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
“Até o momento, o governo [italiano chefiado por Giorgia] Meloni tem agido em sentido contrário às denúncias já reconhecidas pelo presidente [dos Estados Unidos] Trump, que resultaram em sanções aos responsáveis”, destacou o advogado, sem deixar claro por que o governo italiano deveria seguir as decisões dos EUA.
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