Política
A linha do tempo de Moro: de juiz de 1ª instância a superministro
Em tópicos, os capítulos de pesos e medidas que subvertem a Justiça e alçam o pai das delações ao estrelado
Do perdão duplo para Alberto Youssef a funcionário do governo que ajudou a eleger, eis a trajetória de um juiz apenas possível numa república de bananas.
2004
Aos 31 anos, o juiz Sérgio Moro homologa o primeiro acordo de delação premiada do Brasil, com o doleiro Alberto Youssef, condenado a sete anos de prisão no caso Banestado. A pena é reduzida para apenas um ano.
2009
Moro participa de um treinamento de “combate à corrupção” oferecido pelo Departamento de Estado americano, conforme revelou um documento vazado pelo WikiLeaks.
2014
Reincidente, Youssef é de novo beneficiado por um acordo de delação com o juiz Moro, desta vez no âmbito da Operação Lava Jato. No lugar dos 122 anos por lavagem de dinheiro, organização criminosa, corrupção ativa e passiva, cumpre 2 anos e 8 meses em regime fechado e 4 meses em seu condomínio de luxo.
Julho de 2016
Moro renova as prisões preventivas de Marcelo Odebrecht e outros executivos da empreiteira, sem qualquer justificativa jurídica que se sustente.
Diego Padgurschi/Folhapress
Março de 2016
Na 24ª fase da Lava Jato, Lula é alvo de condução coercitiva pela PF, que vasculha sua casa, a casa de seus filhos e o Instituto Lula. Nada de suspeito é encontrado.
Moro divulga gravação ilegal de conversa da presidenta Dilma com Lula, então nomeado para a Casa Civil, e vaza conteúdo para o Jornal Nacional. A posse de Lula é suspensa por Gilmar Mendes.
Junho de 2016
O presidente da OAS, Léo Pinheiro, tenta fechar acordo de delação. Negociações travam depois de ele inocentar Lula.
Setembro de 2016
Moro decreta a prisão preventiva de Léo Pinheiro, também sem qualquer justificativa jurídica que se sustente. No mesmo mês, aceita a denúncia do MPF sobre o triplex do Guarujá (apresentada em risível arquivo de PowerPoint). Lula vira réu pela primeira vez.
Novembro de 2016
Moro aceita denúncia da força-tarefa da Lava Jato que acusa Lula de ter se beneficiado de terreno comprado pela Odebrecht que seria destinado ao Instituto Lula, e também de ter o aluguel de seu apartamento em São Bernardo pago pela empreiteira. As negociações teriam sido feitas por Antonio Palocci e descontadas da “Planilha Italiano”. O ex-presidente torna-se réu pela quinta vez.
Abril de 2017
Léo Pinheiro troca de advogados e muda a versão sobre o triplex do Guarujá. Não apresenta nenhuma prova.
Julho de 2017
Por “fatos indeterminados”, Lula é condenado a 9 anos de prisão por Sérgio Moro no caso do triplex do Guarujá. Seus bens são bloqueados.
Agosto de 2017
Moro aceita denúncia do MPF sobre o sítio de Atibaia e Lula vira réu pela sexta vez.
Dezembro de 2017
Lula dispara em pesquisa para presidente, ultrapassando os 50% em todos os cenários medidos pelo Datafolha para o segundo turno das eleições.
Janeiro de 2018
A condenação de Lula por Sérgio Moro tramita em velocidade recorde na Justiça Federal, o TRF4 confirma a sentença e aumenta a pena para 12 anos e 1 mês. Se mantida a pena anterior, o “crime” estaria prescrito.
Abril de 2018
Lula é preso por determinação de Moro.
Maio de 2018
A ONU confirma que está investigando violações contra o direito à defesa de Lula.
Julho de 2018
O desembargador Rogério Favreto, do TRF4, concede habeas corpus ao ex-presidente. Moro, juiz de primeira instância, age para desqualificar a decisão do desembargador. Lula permanece preso.
Agosto de 2018
Decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU determina que Lula tem o direito de concorrer nas eleições para presidente. TSE ignora a decisão e rejeita a candidatura.
Novembro de 2018
Numa eleição marcada pela disseminação de notícias falsas e pelo vazamento de novos trechos da delação de Palocci às vésperas da votação, Bolsonaro é eleito presidente. Moro aceita ser ministro da Justiça do novo governo.
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