Política

A jornalistas, Doria troca granulado por receitas com “farinata”

Na apresentação oficial do polêmico produto, prefeito de São Paulo não serviu o alimento em grãos, mas como base de pães

A gestão afirma que ainda estuda as necessidades nutricionais das populações alvo
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Dias após a polêmica em torno do granulado nutricional, um dos alimentos previstos para combater a fome do município de São Paulo, o prefeito João Doria (PSDB-SP), em parceria com a Arquidiocese de São Paulo, promoveu uma coletiva de imprensa para apresentação de produtos do programa Alimento Para Todos. Na ocasião, foram servidos aos jornalistas pães a base de “farinata” acompanhado de azeite de oliva e sucos integrais, ao invés do granulado apresentado anteriormente.

A farinata é um composto feito a partir de alimentos perto do período de vencimento que seriam descartados pela indústria da alimentação ou que estão fora do padrão de vendas em comércios e supermercados. Em São Paulo, o produto será transformado pela Plataforma Sinergia, ONG ligada à Igreja Católica que será a responsável em recolher os alimentos in natura e transformá-los em pó ou em outros derivados.

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O evento contou com a presença de Rosana Perroti, proprietária da ONG, do arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer, além de figuras da prefeitura, como o próprio prefeito, a secretária de Direitos Humanos e Cidadania, Eloísa Arruda, e a nutricionista do programa Franciane Lopes. Um dos motivos da coletiva foi a apresentação do Projeto de Lei nº 550/2016, do vereador Gilberto Natalini (PV), que estabelece a possibilidade de empresas doarem os alimentos que seriam descartados para a produção da farinata.

O documento estabelece que as empresas participantes do processo poderão ter incentivos econômicos. De acordo com Doria, não haverá nenhum tipo de isenção fiscal. “Não haverá custos para a prefeitura de São Paulo e nenhuma empresa será isenta de impostos.” Por outro lado, a secretaria de Direitos Humanos, Eloísa Arruda, lembrou que poderão ocorrer, sim, incentivos econômicos, sem esclarecer de quais naturezas.

Segundo Rosana Perroti, proprietária da ONG, a diferença entre os alimentos servidos com base na farinata e aqueles ofertados nos supermercados é o que o composto é feito exclusivamente para salvar o alimento do descarte. “A indústria produz para agradar ao paladar, enquanto a farinata é feita exclusivamente para quem tem fome em São Paulo. A proprietária afirma que aqueles alimentos são uma patente desenvolvida para o combate da fome.

Ao mesmo tempo, Doria anunciou o uso dos produtos reprocessados na merenda escolar ainda este mês. “A incorporação desses alimentos deverá ocorrer nas próximas semanas e servirão como complementos ao cardápio já distribuído nas redes de ensino municipal”, explica.

As necessidades nutricionais daqueles que serão submetidos ao alimento, no entanto, são desconhecidas. Segundo Eloísa Arruda, a prefeitura ainda está realizando levantamento sobre as carências nutricionais da população alvo, assim como aguardam da Secretaria Municipal de Educação o cardápio das escolas que receberão o processado. A secretária ainda disse que três entidades carentes já possuem os produtos à base de farinata em seu cardápio.

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