Política

A herança bendita de Dilma no agronegócio

Fatores mostram existência de recursos e condições favoráveis aos crescimento e lucro das agriculturas empresarial e familiar

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Pronto. Acabou. A presidenta Dilma Rousseff foi deposta sem cometer crime de responsabilidade. Ainda que historicamente meia-boca, a democracia brasileira sangra até a última gota. Um grupo de malfeitores, incrustado na mídia de direita, nos aparelhos judiciários e Congresso Nacional, golpeou decisão soberana representada por 54 milhões de vontades cidadãs.

Serve interesses seculares acordados pelas elites econômicas, depois que elas viram naufragarem o modelo neoliberal e seus representantes políticos nas urnas.

A pobreza aumentará e fará mais fedido o ar respirado na casa-grande.

Quem não pensa anda

A coluna de hoje não deveria tratar dos agronegócios, mas vai, embora como crítica à burrice, não de quem está na atividade, mas de quem os representa.

Mesmo que ainda pequena, a recuperação nas cotações das principais commodities agrícolas confirma tendência apontada aqui no fim de 2015.

O índice geral de preços divulgados pela FAO cresceu 2% entre janeiro e abril deste ano. Destaques positivos os óleos vegetais (20%) e o açúcar (8%), e negativo os lácteos (-12%). Carnes e cereais mantiveram-se estáveis.

Pelo lado das exportações, além disso, a apreciação do dólar, a continuidade na demanda chinesa por alimentos e os resultados da balança comercial, confirmam a sábia decisão da única e legítima presidente do Brasil, Dilma Rousseff, com seus ministros Kátia Abreu (Agricultura), Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário) e Nelson Barbosa (Fazenda), de antecipar o anúncio do Plano Safra 2016-2017.

Golpistas foram contra.

Da mesma forma, o Índice Ceagesp, que mede o comportamento dos preços no atacado para cerca de 150 produtos destinados ao mercado interno, cresceu 28,6% em um ano, sobretudo por dificuldades climáticas.

São fatores que mostram existência de recursos e condições favoráveis aos crescimento e lucro das agriculturas empresarial e familiar, desdobradas nos diversos segmentos do agronegócio.

Com o impeachment, trata-se de herança bendita deixada pela presidenta eleita a seus detratores no setor agrícola, no Congresso e entre patos amarelos.

Um quadro assim, ainda mais se repetido, como lição e fato, em pelo menos dez anos, mostra a falta de vergonha na disseminação de ressentimentos, queixas e preconceitos contra governos que só os fizeram maiores e ricos.

Vejam o que declarou o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, na última edição da revista Globo Rural após a votação do impeachment: “A gente sente uma esperança a partir de agora”.

Evito o palavrão, mas envieso. Sente, é? Homens piadistas chamam de esperança suas partes perfurantes.

Ideologia? Não sei se leram para tanto. Patriotismo, “pensamos o Brasil como um todo”? Nunca! Mau-caratismo ou burrice? Os dois.

Ativismo para a preservação ambiental

Poderia estar aí o motivo da repelência. O governo brasileiro, tanto em ações internas quanto comprometimentos no exterior, em vários episódios, foi árduo defensor das causas ambientais, além de rigoroso perseguidor das metas assumidas.

Não que se possa generalizar comportamento hostil ao ambiente a todo o agronegócio, mas nele florescem muitos joões e marias-sem-vergonha. Vivem a pedir legislações trabalhista, ambiental e sanitária mais flexíveis. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) é senhor desses anéis. Merece. Sua brega cabeleira o habilita a sangrar rios, matas e cascatas.

Nesta semana, temíamos mais um golpe contra a Floresta Amazônica. ONGs e pessoas do bem alertavam para insidiosa tentativa de não renovarem a Moratória da Soja. No acompanhamento musical a banda (bando?) “Berrantes Caiados”.

Não vingou. O acordo entre sociedade civil, indústria e governo para reduzir o desmatamento na Amazônia foi renovado por tempo indeterminado. Assinaram o documento a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e os representantes da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais, da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, e do Greenpeace.

Estabelecido em julho de 2006 (governo Lula), o acordo permite acesso ao mercado somente à soja que não esteja envolvida em desmatamento, trabalho escravo e ameaça a terras indígenas. Para saudosos e golpistas, em 2004, o Brasil registrara o segundo maior índice de desmatamento da Amazônia. O planeta nos abominava.

Foi simples. Bastaria as tradings não comprarem mais soja de áreas produtoras desmatadas após o acordo. E assim se fez. Com a Moratória, o desmate caiu 86% enquanto a produção da cultura cresceu 200%, nos 76 municípios por ela alcançados. Todos ganhamos.

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