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A condição imposta por Valdemar para apoiar o nome de Lira à sucessão na Câmara
Por meio da imprensa e de aliados, o cacique do PL tem feito chegar sua pretensão ao presidente


O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tem apenas uma condição para apoiar o nome escolhido por Arthur Lira (PP) para sucedê-lo no comando da Câmara: a inclusão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no projeto de lei que perdoa bolsonaristas envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro.
A proposta está em tramitação na CCJ da Câmara, presidida pela deputada federal Caroline de Toni (PL). O relator do texto é Rodrigo Valadares (União-SE), parlamentar bem próximo do clã Bolsonaro. A previsão é que o texto seja votado no colegiado após o término do segundo turno das eleições municipais.
Por meio da imprensa e de aliados, Costa Neto tem feito chegar sua pretensão ao chefe da Câmara desde a semana passada. Ambos iriam se reunir na noite desta quarta-feira em Brasília, mas o encontro foi cancelado. “Vamos falar depois do segundo turno”, garantiu o cacique do PL a CartaCapital.
De acordo com dirigentes partidários, a intenção é incluir uma emenda ao projeto para deixar Bolsonaro apto a disputar em 2026, além de livrá-los dos inquéritos de que é alvo na Polícia Federal. A anistia aos golpistas é uma das principais bandeiras da bancada do PL na Câmara, cujo apoio é cortejado pelos postulantes à presidência da Casa.
Para endossar a candidatura de Hugo Motta (Republicanos), que tem o aval informal de Lira para sucedê-lo, o partido pressiona pela votação do texto ainda neste ano. Interlocutores do presidente da Câmara, porém, veem essa possibilidade com ressalvas, uma vez que há uma extensa agenda de votações para dar conta até o recesso parlamentar.
Há, ainda, a resistência do Palácio do Planalto em torno da proposta. Líder do PT na Casa, o deputado federal Odair Cunha (MG) afirmou que não aceitará qualquer acerto do chefe da Câmara com Costa Neto para acelerar a tramitação do texto.
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