Política

A ausência “paulista” nas eleições de 2014

Pela primeira vez desde a redemocratização, não haverá um político com trajetória construída em São Paulo entre os principais candidatos à Presidência

A ausência “paulista” nas eleições de 2014
A ausência “paulista” nas eleições de 2014
Senador mineiro Aécio Neves concede entrevista ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin
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As eleições de 2014 guardam uma característica única em relação a outras disputas recentes ao Planalto. Se for mantido o atual desenho eleitoral, pela primeira vez desde a redemocratização não haverá um candidato cuja carreira foi construída em São Paulo entre os principais postulantes à Presidência da República.

Em 1989, amontoavam-se os nomes de “paulistas” entre os principais concorrentes: Lula, pernambucano radicado em São Paulo; Mário Covas e Paulo Maluf. Em 1994 e em 1998, disputavam a presidência Lula e Fernando Henrique Cardoso. O segundo, apesar de carioca, passou a morar ainda criança em São Paulo, estado por onde foi senador. Nos pleitos de 2002, 2006 e 2010, Lula voltou à disputa, contra o ex-governador de São Paulo José Serra e o atual, Geraldo Alckmin.

Este ano devem estar na corrida eleitoral a presidenta Dilma Rousseff, mineira de nascimento e gaúcha de formação política; Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais e atual senador pelo Estado e Eduardo Campos, governador de Pernambuco.

De fato, vencer em São Paulo não é exatamente necessário para garantir a vaga no Palácio do Planalto. Em 2006, por exemplo, Lula perdeu no estado para Alckmin, assim como Dilma para Serra em 2010. Ainda assim, nestas duas últimas eleições, o peso do maior colégio eleitoral do País foi determinante para a ocorrência de um segundo turno.

Diante disso, a ausência “paulista” deve provocar uma disputa de influência entre os três principais pré-candidatos para ver quem leva a melhor no maior colégio eleitoral do País. Para o cientista político da UnB (Universidade de Brasília) João Paulo Peixoto, teria de vir de Eduardo Campos o esforço maior para se tornar um candidato elegível em São Paulo.

“Tanto a Dilma quanto Aécio ou Eduardo Campos vão querer o apoio de São Paulo. Na minha opinião, quem tem maior chance é o Aécio, por ser do PSDB e não ter a rejeição natural que o PT tem em São Paulo, particularmente no interior”, disse. “Além disso, ele contará com o apoio de um governador bem avaliado que é o Geraldo Alckmin.”

Para manter o grau de influência tucana em solo paulista – o PSDB está no Palácio dos Bandeirantes desde 1995 –, Aécio vem mantendo uma agenda intensa no Estado. Desde dezembro, o pré-candidato esteve por três vezes na capital e participou de eventos em Campinas, Sorocaba, Araçatuba e São Carlos. “Me ajudem a vencer em São Paulo que eu entrego a vocês a presidência”, disse durante encontro do PSDB em Araçatuba. Além disso, ele planeja lançar oficialmente sua candidatura em março no Estado e aventa-se que o coordenador de sua campanha seja o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

A ausência de um “paulista”, entretanto, não deve ser superestimada. Segundo especialistas, não é a falta de um representante local nas eleições o fator que determina o peso do Estado na disputa. “Não acredito que esse seja um fato relevante. São Paulo tem um peso grande na eleição, mas é o peso que sempre teve”, opinou a cientista política da Unesp Maria Teresa Kerbauy.

“São Paulo continua sendo o Estado com maior projeção econômica e com mais dinheiro e isso é fundamental em um processo eleitoral. Contar com São Paulo é contar com organizações com peso político fundamental”, acrescentou Vera Chaia, cientista política da PUC-SP.

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