Política
A articulação de petistas para suspender o mandato de Eduardo Bolsonaro
Requerimento pede que a Mesa Diretora reconheça ‘a gravidade institucional das condutas’ do deputado de extrema-direita


Deputados do PT enviaram à Mesa Diretora da Câmara, nesta quarta-feira 16, um requerimento para suspender o mandato do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal por tramar contra autoridades brasileiras nos Estados Unidos.
O texto, encabeçado pelo líder petista na Casa, Lindbergh Farias (RJ), pede que a Mesa reconheça “a gravidade institucional das condutas” de Eduardo, “inclusive em relação às campanhas no exterior por sanções contra o Brasil e por ataques ao STF”.
O objetivo é provocar a cúpula da Câmara a expedir uma medida cautelar de suspensão do mandato de Eduardo, “enquanto persistirem os fatos que configuram risco à integridade do Poder Legislativo e às instituições da República”.
Lindbergh também solicita que a Mesa oficie o Conselho de Ética a fim de dar prioridade às representações já apresentadas contra o filho “zero três” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O deputado Zeca Dirceu (PR) é um dos petistas que assinaram o requerimento. “Urgência na punição dos traidores do Brasil”, afirmou, ao anunciar o endosso ao documento.
A solicitação ocorre uma semana depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciar uma taxa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros.
Eduardo, que continua nos Estados Unidos, se licenciou do mandato em março e passou a buscar punições a pessoas que, em sua avaliação, “violam os direitos humanos no Brasil”. Seu alvo número um é o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Nos últimos dias, o deputado do PL tem usado o tarifaço de Trump para tentar forçar a aprovação do projeto de lei que anistia golpistas — medida que beneficiaria Jair Bolsonaro.
Em 8 de julho, Moraes prorrogou por 60 dias o prazo para a Polícia Federal concluir o inquérito contra Eduardo.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apontou a possível prática de três crimes ao pedir a abertura da investigação ao STF: coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Gonet avalia que as ações de Eduardo se intensificam à medida que avança o processo contra o pai por liderar a tentativa de golpe de Estado em 2022.
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