Política
A articulação de Janja para discutir as demandas do Complexo do Alemão, no Rio
Em reunião, lideranças do Complexo projetam o retorno de obras habitacionais do PAC e um Instituto Federal


Como parte da tarefa que chamou de “ressignificar o papel de primeira-dama”, Janja assumiu a responsabilidade de acompanhar pautas ligadas às periferias, incluindo o maior conjunto de favelas do Rio, o Complexo do Alemão.
Em 2022, uma visita à região gerou um imbróglio à base de fake news sobre inexistentes ligações entre o então candidato Lula e lideranças comunitárias com o crime organizado.
A primeira-dama viajou ao Complexo em março deste ano para conversar com 50 lideranças locais. Nesta terça-feira 11, representantes da comunidade foram a Brasília.
Janja e os ministros Jader Filho, das Cidades, e Camilo Santana, da Educação, se reuniram com uma comissão do coletivo Mulheres em Ação no Alemão. A líder do projeto é Camila Santos, conhecida como Camila Moradia.
Em pauta, o esquecimento no antigo Programa de Aceleração do Crescimento, as obras de urbanização no Complexo e a retomada de uma promessa do governo de Dilma Rousseff sobre um instituto federal no Alemão.
Segundo Camila, cerca de 2,3 mil famílias vivem do aluguel social, hoje em 216,34 reais. Ela ressalta a fatia da demanda que poderia ser resolvida, por exemplo, com o uso de terrenos disponíveis para construção de habitações.
A avaliação é que o PAC, que focava em obras de urbanização e desenvolvimento socioeconômico em áreas consideradas de risco, não foi plenamente colocado em prática. O governo Lula deve lançar ainda neste mês uma nova edição do programa.
Agora, o foco está em mapear as demandas de habitação para agir com políticas públicas adequadas, segundo Jader Filho. “Foi uma reunião muito importante para que a gente possa resgatar uma pauta tão importante como é a questão da moradia”, disse o ministro em conversa com CartaCapital.
Uma análise dos pleitos e das possíveis soluções deve ser entregue pela equipe da pasta ao ministro na quinta-feira 13.
Na educação, o diálogo envolveu a retomada de uma proposta paralisada há quase dez anos: a do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro no Complexo do Alemão.
“Vamos agora, com a parceria do município, inclusive conversando com o prefeito Eduardo Paes, para que a gente possa entregar esse compromisso o mais rápido possível”, defendeu Camilo Santana.
Para a comissão de moradoras presentes, os encontros marcam a reabertura de diálogo com o governo federal.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.