A Amazônia é do crime

Sob Bolsonaro, as facções descobriram que saquear a floresta pode ser tão lucrativo quanto o narcotráfico e os riscos, menores. Bruno Pereira e Dom Phillips são vítimas desse processo

Pereira e Phillips desafiaram a lei da selva - Imagem: Arte: Pilar Velloso com fotos de João Laet/AFP e Daniel Marenco/Agência O Globo

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O desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips no Vale do Javari, extremo oeste do Amazonas, tem as digitais do governo Bolsonaro, notadamente anti-indigenista e antiambientalista. O crime é fruto não só da ausência do Estado na região, mas das iniciativas governamentais em favor dos saqueadores da Amazônia. São incontáveis as declarações do presidente e os projetos em tramitação no Congresso que legitimam a atuação de grileiros, madeireiros, garimpeiros, pescadores e caçadores ilegais, que avançam sobre as Terras Indígenas (TIs). Quando as facções criminosas se deram conta de que essas práticas poderiam ser tão lucrativas quanto o narcotráfico, mas quase sempre ficam impunes, a Amazônia voltou a ser uma terra sem lei, onde os fracos não têm vez. Quem se contrapõe ao código da selva, fica marcado para morrer. Foi assim com Maxciel dos Santos, indigenista morto com um tiro na nunca em 2019, e pode ter sido este também o destino de Pereira e Phillips.

Eles estavam numa expedição para entrevistar indígenas do Vale do Javari – a segunda maior TI do Brasil, com 8,5 milhões de hectares – que iriam compor um livro produzido pelo jornalista sobre a Amazônia. Sumiram na manhã de 5 de junho, durante um trajeto de barco pelo Rio Itaguaí. Carregavam um vasto material que denunciava a atuação de criminosos na região e que seria entregue à Polícia Federal e ao Ministério Público. O indigenista relatou a interlocutores estar de posse de imagens, feitas por um drone, que mostravam a ação de pescadores ilegais de pirarucu e tracajá, uma espécie de tartaruga. Na noite anterior, a dupla e alguns indígenas que os acompanhavam foram ameaçados pelo pescador ­Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado e suspeito de envolvimento no desaparecimento da dupla.

O INDIGENISTA RELATOU A INTERLOCUTORES ESTAR DE POSSE DE IMAGENS, FEITAS POR UM DRONE, A EXPOR A PESCA ILEGAL DE PIRARUCU E TRACAJÁ

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5 comentários

Alexandre Petracco 21 de junho de 2022 12h59
Sou cadastrado e não tenho acesso ao artigo.
Ângelo Edval Roman 19 de junho de 2022 19h55
Sou assinante recente, já paguei, mas as matérias vem com conteúdo exclusivo para assinantes e não me dá acesso. Ângelo Edval Roman
Ângelo Edval Roman 19 de junho de 2022 19h53
CLOVIS DEITOS 17 de junho de 2022 16h47
Eu considero que os povos primitivos da Brasil estão sendo exterminados desde 1500. Com o atual governo só deixou de haver hipocrisia agora se mata e se assume que querem destruir, exterminar, roubar e grilar tudo o que devia ser preservado para os indios e o Estado brasileiro.
Iracema Lucena 17 de junho de 2022 15h39
Já sou cadastrada e a Carta não me deixa ler o artigo...É pra forçar uma assinatura???

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