Os médicos do Programa Mais Médicos na cidade de São Paulo anunciaram que reduzirão o número de atendimentos nas unidades básicas de saúde (UBS) da capital paulista. A categoria determinou que a partir desta terça-feira 7 só serão atendidos casos de urgência e emergência nas cerca de 70 unidades em que atuam.
A decisão veio a público em uma carta aberta assinada pelos médicos que denuncia atrasos salariais recorrentes por parte da gestão municipal. Segundo o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), mais de 70 profissionais se encontram sem salário e ajuda de custo há 23 dias, o que impossibilita o deslocamento dos profissionais até o posto de trabalho.
Situação semelhante ocorreu nos meses de junho e agosto, quando os salários tiveram atrasos de 16 e 10 dias, respectivamente.
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Entre as unidades com atendimento parcial estão as UBSs da Vila Borges e Paulo VI, na zona oeste; Wamberto Dias da Costa e Jardim Guanabara, na zona norte; Vila Santa Santa Catarina, na zona sul; e Jardim Guairaca, Parque São Lucas e Aurélio Mellone, na zona sudeste da capital.
Para a médica Eline Ethel Fonseca Lima, membro da comissão de profissionais do Mais Médicos, o principal afetado com a falta de pagamento é o paciente, que ficará sem atendimento das consultas agendadas. “Temos em média 30 consultas por dia. Se calcularmos por mês, são 480 atendimentos que não serão realizados e isso nos preocupa muito.”
A Prefeitura de São Paulo aderiu ao programa em maio de 2016, com a publicação de um edital de contratação de 160 médicos para a saúde básica. Hoje, segundo informações da Secretaria Municipal da Saúde, há 262 profissionais atuando no município.
Segundo o diretor do Simesp, Gerson Salvador, é de responsabilidade da Prefeitura o pagamento da bolsa e da ajuda de custo aos médicos e que a decisão foi firmada em um Acordo de Cooperação para ampliar o programa. “A prefeitura precisa arcar com o que é devido aos profissionais. Os médicos não podem pagar pelo descaso da gestão”, afirma o diretor em nota.
Confira a íntegra da carta dos profissionais do Mais Médicos: