Economia
‘2023 foi bem melhor do que o esperado’, diz presidente do Banco Central
Roberto Campos Neto ressaltou êxito na política monetária e defendeu a aprovação de projetos do governo no Congresso
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o ano de 2023 foi “bem melhor do que o esperado” para o Brasil na economia e fez menção positiva a projetos do governo em curso no Congresso.
A declaração ocorreu nesta terça-feira 5, em almoço com a Frente Parlamentar do Empreendedorismo.
Campos Neto diz prever uma desaceleração global na inflação, mas esse processo tem apresentado lentidão, sobretudo entre os países desenvolvidos, que tiveram mais gastos ocorridos durante a pandemia.
Segundo ele, esses países gastaram 22% do Produto Interno Bruto, enquanto os países emergentes gastaram 10%, e os mais pobres, 4%. No entanto, de acordo com ele, o Brasil saiu “favorecido” nesse ambiente.
“A gente está hoje num ambiente onde o Brasil tem se favorecido. 2023 foi um ano bem melhor do que o esperado”, afirmou Campos Neto.
O presidente do Banco Central lembrou que a previsão de crescimento era de 0,5% e rebateu as suspeitas de colapso do crédito, quebra de empresas e explosão do desemprego. Segundo ele, a política monetária gerou “credibilidade” e “notícias boas” em relação à inflação.
Campos Neto também defendeu a aprovação de projetos propostos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de controle fiscal, como o arcabouço fiscal.
Segundo ele, ainda é necessário que alguns projetos do governo passem no Congresso. Neste momento, o governo tenta aprovar pautas econômicas de aumento da arrecadação de impostos.
“2024 tem alguns desafios. É muito difícil hoje, na prática, cortar gastos, o governo entende isso, mas precisa ter uma sinalização de equilíbrio fiscal. Acho que isso está sendo construído”, declarou.
“A gente teve o arcabouço, teve algumas coisas. Obviamente, tem desafios pela frente. Tem projetos que precisam ser aprovados. Do ponto de vista do Banco Central, o importante é entender que a gente está num processo de melhora, mas que tem grandes desafios na parte monetária. 2024 tem alguns desafios adicionais. E o Brasil se saiu bem”, afirmou Campos Neto.
Campos Neto, no entanto, atribuiu o aumento do consumo à desaceleração na inflação, em vez de dar créditos aos programas de transferência de renda. Aos parlamentares, ele defendeu a aplicação de “soluções estruturais de longo prazo” no lugar de “soluções fáceis no curto prazo”.
“Muita gente acha que o consumo está ligado aos programas de transferência. Mas, na realidade, o consumo está muito ligado à confiança do consumidor. E a coisa que mais explica a confiança do consumidor no país é a inflação. Quando a inflação está baixa, as pessoas têm mais confiança de consumir, e o empresário tem mais confiança de investir”, afirmou.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o desemprego caiu neste ano para 7,6%, enquanto a população ocupada superou os 100 milhões. O patamar atual do desemprego é o mais baixo desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2015.
Em relação ao crescimento do PIB, o IBGE divulgou uma alta mínima de 0,1% no 3º trimestre. No entanto, o ministro da Fazenda sustenta o otimismo e diz esperar que a economia do País cresça 3% neste ano.
Ao justificar a perspectiva, em live com o presidente Lula (PT), nesta terça, Haddad lembrou que o Banco Central começou a cortar os juros apenas em agosto. O petista também disse esperar que haja continuidade na política de redução da taxa Selic. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária é na semana que vem.
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