Política

“Governo Agnelo é muito parecido com Arruda”

Líder nas pesquisas, o candidato ao governo do DF Rodrigo Rollemberg (PSB) apresenta-se como terceira via, em estratégia semelhante à de Marina Silva

Rodrigo Rollemberg e Marina Silva durante campanha no DF: os dois se apresentam como a "mudança" da política
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Antes de desistir de sua candidatura ao governo do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM) liderava as pesquisas de intenção de voto. Enquadrado na Lei da Ficha Limpa por sua participação em um esquema de propinas no DF conhecido como “mensalão do DEM”, o democrata preferiu desistir de apresentar um recurso ao Supremo Tribunal Federal, ao considerar as poucas chances que tinha no Judiciário. Ao sair da disputa, seu eleitorado distribuiu-se entre Jofran Frejat (PR), originalmente vice em sua coligação, e Rodrigo Rollemberg (PSB). Ao saltar de 18% para 31% das intenções de voto, segundo o Ibope, Rollemberg lidera a corrida ao Palácio do Buriti, sede do governo distrital. O candidato pega carona no sólido apoio local à Marina Silva, a preferida de 43% do eleitorado local, segundo o Datafolha.

Em entrevista à CartaCapital, Rollemberg procura se apresentar como uma “expressão do desejo de mudança” no DF, em estratégia semelhante à adotada por sua candidata à presidência. Não considera a morte de Eduardo Campos como um fator relevante para o bom desempenho de diversos candidatos a governador do partido, aferido nas pesquisas de intenção de voto. Ao comentar sua participação no governo de Agnelo Queiroz, do PT, apoiado pelo pessebista nos dois primeiros anos de mandato, Rollemberg afirma que decidiu romper por não concordar com os rumos tomados pelo petista, especialmente em relação ao que chama de “alianças equivocadas”, embora não mencione quais. Sobre a baixa aprovação do governo petista, afirma que o PSB não tem qualquer culpa pelos dados negativos. “Nossa participação foi muito periférica”, afirma.

CartaCapital: O senhor é um dos quadros mais antigos do PSB. Como vê esse momento do partido, em especial nas eleições para presidente e para governador em alguns estados, onde o partido tem candidatos com boa margem de votos? A morte de Eduardo Campos, apesar de trágica, deu visibilidade ao partido e a seus candidatos?
Rodrigo Rollemberg: Não, o PSB vinha em um processo de crescimento. Nas últimas eleições, 2010, 2012 e agora 2014, o partido teve um crescimento muito consistente. Em 2010, o PSB elegeu seis governadores, em 2012 elegemos 5 prefeitos de capitais brasileiras. Fomos o partido que mais cresceu em número de prefeitos. Então, é um crescimento que vem de uma posição correta herdada do Eduardo Campos ao longo desse período. Mas não vejo relação da morte de Eduardo Campos com o crescimento do PSB.

CC: O senhor foi aliado de Agnelo nas últimas eleições. O PSB participou de seu governo, mas decidiu romper com o PT. Por qual motivo?
RR: É importante registrar que nós saímos do governo Agnelo em 2012. Nossos desentendimentos começaram muito cedo. Nós alertamos muitas vezes o governo dos seus erros e alianças equivocadas. Não saímos antes pois tínhamos esperança do governo corrigir seu rumo. Como não corrigiu, iniciamos um processo de debate dentro do partido que durou alguns meses. Nós realizamos 17 plenárias nas cidades até tomar a decisão de sair, por entender que Agnelo não representava o projeto de cidade que nós queríamos.

CC: Por que não?
RR: Primeiro, pelas alianças que Agnelo fez. É um governo muito parecido com o governo Arruda, que é muito parecido com o governo Roriz. É uma continuidade de métodos, um governo que do ponto de vista político fez opções equivocadas, é deficiente e incompetente.

CC: Mas o PSB não tem responsabilidade sobre a alta rejeição do governo petista?
RR: Não, nenhuma. Até porque nossa participação foi muito periférica. O PSB nunca teve um espaço importante no governo.

CC: Segundo sua coordenação de campanha, projeta-se por pesquisas internas que o senhor tem um amplo apoio no Grande Plano Piloto. Podemos considerar que a maior identificação do eleitorado com o senhor está na classe média brasiliense?
RR: Não. Segundo as pesquisas, a distribuição do meu eleitorado é praticamente homogênea no Distrito Federal. O Agnelo tem uma grande rejeição. Em um primeiro momento, o Arruda, por seu nível de conhecimento junto ao eleitorado, surgia como contraponto ao mau desempenho de Agnelo, o que o beneficiava. A partir do momento em que as pessoas foram conhecendo nossas propostas, nossa campanha passou a conquistar uma grande parte do eleitorado. Estamos sentindo desde o início um crescimento muito consistente de nossa candidatura. O que faz a gente crescer é a expressão de um desejo de mudança. O Agnelo com rejeição de quase 50%, Frejat apoiado por Arruda, Luiz Estevão e Gim Argello, enquanto o Rollemberg tem uma trajetória limpa, apoiado por José Antônio Reguffe, Cristovam Buarque e Marina Silva. Essa chapa é a que expressa o desejo de mudança no DF.

CC: Caso o senhor dispute o segundo turno, aceitará apoio de Frejat e Arruda, ou de Agnelo?
RR: Acho que a política mudou muito. O apoio dos candidatos é irrelevante no segundo turno, o importante é o apoio dos eleitores. Não precisamos de um interlocutor para fazer um diálogo direto com os cidadãos.

CC: Então o apoio formal não é relevante?
RR: Ainda não refletimos profundamente sobre isso, mas não temos intenção em procurar nenhum candidato.

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