“A minha luta se encerra porque fui abatido em uma guerra desigual”, afirma Protógenes

Condenado pelo STF por violações na operação Satiagraha, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB) critica a decisão e afirma ter perdido a crença nas instituições brasileiras

O delegado Protógenes Queiroz, ex-coordenador da operação Satiagraha

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Condenado na terça-feira 21 pelo Supremo Tribunal Federal por vazamentos de informações da operação Satiagraha, o deputado federal Protógenes Queiroz, do PCdoB, desabafou em sua conta pessoal no Facebook. “A minha luta contra a corrupção se encerra porque estou abatido no campo de uma guerra desigual”, afirma o agora ex-delegado, cujo cargo na Polícia Federal foi cassado pelo STF.

A Corte condenou o deputado a 2 anos e 6 meses de prisão por vazamento de informações a jornalistas no âmbito da operação. A pena deve ser substituída por prestação de serviços comunitários. Segundo os ministros, Protógenes avisou jornalistas sobre a deflagração da Satiagraha, o que configuraria quebra de sigilo. Anda cabe recurso da decisão.

Em 2010, ele fora condenado na primeira instância a 3 anos e 11 meses de prisão por violação de sigilo funcional e fraude processual, mas a última acusação não prosperou nas instâncias superiores.

Protógenes afirma que a decisão dos ministros Teori Zavascki, Celso de Melo e Carmem Lúcia foi uma injustiça. “Perdi a crença nas instituições no Brasil, que vive um momento político de inversão total de valores”. O deputado atribui sua condenação ao fato de ter contribuído para a prisão do banqueiro Daniel Dantas, condenado a dez anos de reclusão, pena anulada pelo Superior Tribunal de Justiça sob argumento de serem inválidas as provas produzidas pela operação, por conta da participação irregular de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Protógenes afirma ainda que houve fraude nas eleições deste ano contra sua candidatura. O deputado terminou como o 143º mais votado, com 27,9 mil votos. Nas eleições de 2010, foi eleito com quase 95 mil votos.

Rubens Valente, autor do livro Operação Banqueiro, que trata com minúcias as investigações contra o banqueiro Daniel Dantas, afirmou em janeiro a CartaCapital que nunca viu uma inversão de valores “tão dramática e na dimensão deste caso. “O que dizer de um cidadão que não chega a ser julgado, mas em poucos meses passa a acusador em um processo contra o próprio delegado e o próprio juiz que o prenderam? é o sonho de todo investigado”.


Na mesma entrevista, Valente afirmou que Protógenes “acertou mais do que errou”.

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