Política

‘Solidariedade’ dá cacife a Paulinho da Força, mas não alavanca sindicalismo

A avaliação é do sociólogo da Unicamp Ricardo Antunes, um dos principais estudiosos das relações de trabalho do País

O deputado Paulo Pereira da Silva, criador da 32ª legenda no País
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A criação do partido Solidariedade deve aproximar do PSDB as lideranças pedetistas insatisfeitas na legenda trabalhista e aumentar o cacife político do seu idealizador, o deputado e líder da Força Sindical Paulo Pereira da Silva. Isso não significa, no entanto, que a nova vai fortalecer, politicamente, o movimento sindical no Brasil.

A avaliação é do sociólogo da Unicamp Ricardo Antunes, um dos principais estudiosos das relações de trabalho do País. “Se um líder político vai conversar com o Aécio como figura menor de um partido A ou B é uma coisa. Se vai conversar como um partido que tem tantos deputados, seu cacife aumenta.”

Para ele, a legenda não traz nada novo, não tem densidade e nem deve dar força ao movimento sindical. “É uma sigla nova. Nesse sentido, o partido da Marina (Rede) tem muito mais fôlego. O Solidariedade tira uma parte sindical do PDT, mas o PDT é um partido que vive uma crise profunda desde a morte de Brizola. O Solidariedade, em termos partidários, não deve alterar o cenário partidário. Não é estruturado em setores importantes da classe trabalhadora, e sim em setores do sindicalismo de cúpula do Brasil, que tem representação sindical.”

O professor, que participou de um debate sobre o movimento sindical durante o 37º Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), em Águas de Lindoia (SP), avalia que o Solidariedade é, politicamente, apenas “uma tentativa de reagrupar um setor policlassista, trabalhadores, muitos deles ligados à Força Sindical, que mantém vinculações com outros partidos mas que vê um espaço possível para criar um partido novo”.

O Tribunal Superior Eleitoral aprovou na terça-feira 24 a criação do partido fundado pelo deputado Paulo Pereira da Silva. A legenda será identificada com o número 77. Com o registro, o Brasil passa a ter 32 partidos registrados no TSE. O partido conseguiu apoiamento de 503 mil eleitores no país, número superior ao mínimo de 0,5% de apoiamentos em relação ao eleitorado. Por 4 votos 3, a maioria dos ministros entendeu que o partido cumpriu os requisitos para obtenção do registro. As ministras Laurita Vaz, Cármen Lúcia, e os ministros Otávio de Noronha e Dias Toffoli votaram a favor da concessão do registro, apesar das suspeitas de fraudes em parte das assinatura em Várzea Paulista.

De acordo com o deputado, o Solidariedade cumpriu todos os requisitos determinados pela Justiça Eleitoral para o obter registro no TSE, como certificação de 0,5% assinaturas de eleitores em todo o país.

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