Política

1 bilhão de reais em medalhas olímpicas

Governo federal anuncia plano de investimentos para fazer com que o Brasil fique entre os dez melhores nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ainda falta investimento na base

Dilma devolve as medalhas de ouro ao nadador Daniel Dias, que conquistou seis ouros nos Jogos Paraolímpicos. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
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Na tarde desta quinta-feira 13, o nadador paraolímpico Daniel Dias saudou a presidenta Dilma Rousseff colocando em seu pescoço as seis medalhas de ouro que conquistou nos Jogos de Londres em 2012. Foi um ato simbólico durante a cerimônia de lançamento do programa Brasil Medalhas 2016. A partir de agora, mais do que nunca, a conquista de medalhas olímpicas é uma política de Estado no Brasil.

O plano anunciado nesta quinta prevê investimentos de 1 bilhão de reais entre 2013 e 2016. Serão gastos 310 milhões na reforma e na construção de 22 centros de treinamento, sendo 21 olímpicos e 1 paraolímpico, “talvez o melhor do mundo”, segundos as palavras do ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Os outros 690 milhões de reais vão para os atletas e técnicos, por meio de programas como o Bolsa Pódio (até 15 mil reais) e o Bolsa Técnico (até 10 mil reais), além do pagamento de custos de diárias e passagens para competições no exterior e compra de equipamentos de ponta.

O investimento será completado pelas empresas estatais, como Petrobras, Eletrobras, BNDES, Correios, Banco do Brasil, Infraero, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste. Elas já investem no esporte mas irão, segundo o ministro Aldo Rebelo, ampliar os gastos. O foco dos investimentos olímpicos e paraolímpicos serão modalidades em que o Brasil já tem tradição, como judô, natação, atletismo, e outras com potencial para conquistar medalhas, como handebol e futebol de 5 e futebol de 7 (esses dois exclusivamente paraolímpicos).

O Brasil Medalhas 2016 deixa claro que o governo Dilma Rousseff entende como prioridade a classificação do Brasil no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro-2016. O plano tem, inclusive, metas claras: colocar a delegação brasileira entre as dez primeiras nas Olimpíadas e entre as cinco primeiras nas Paraolimpíadas. As duas são difíceis, mas possíveis.

A primeira boa notícia é que, com os novos investimentos, o Brasil deve se livrar da repetição da história fatídica do atleta que, por falta de apoio, não consegue treinar e obter resultados apesar de seu potencial. Assim, vai ficar mais fácil ver histórias como a da judoca Sarah Menezes, que faz faculdade, tem boa estrutura para treinar, patrocínios privados, recebe o Bolsa Atleta e foi campeã olímpica. A segunda boa notícia é que parte dos investimentos vai para estruturas permanentes, os centros de treinamento, que servirão de legado para o país e vão ajudar não apenas os atletas deste ciclo olímpico, mas todos os que virão a seguir.

Ocorre que o plano tem pontos que exigem atenção. O Brasil Medalhas 2016 não trata da perpetuação dos dirigentes nas federações esportivas. É verdade que este mal deve ser alvo do Congresso, mas como o governo federal e as estatais colocarão muito dinheiro em jogo, é preciso garantir a meritocracia e evitar que os dirigentes usem a verba para tornar federações, ou atletas, seus reféns, como ocorre hoje. A divulgação de detalhes dos projetos deve esclarecer se e quais cuidados o governo tomou para evitar isso.

Preocupa também o fato de o plano ter data para acabar, 2016. Como sede, o Brasil obviamente tem mais interesse em ter bons resultados no Rio de Janeiro do que nas próximas edições, mas se ganhar medalhas olímpicas é uma política de Estado, ela não pode durar apenas três anos.

Por fim, o projeto não aborda o principal drama do esporte brasileiro: a falta de incentivo para a prática de esporte nas escolas e bairros. O foco do Brasil Medalhas 2016 é no topo da pirâmide do esporte brasileiro, enquanto a base segue abandonada. O governo federal, os Estados e os municípios pouco investem no esporte escolar, um reflexo da forma como tratam a educação como um todo, e menos ainda na infraestrutura esportiva. É raríssimo ver quadras e campos públicos pelo país. Nesta quinta, Aldo Rebelo e Dilma Rousseff falaram sobre a realização de uma “Olimpíada” escolar de atletismo, para estimular as crianças brasileiras a praticar o esporte, um dos que mais rende medalhas em Jogos Olímpicos. É uma ideia interessante, mas insuficiente para um país com um imenso déficit na prática esportiva.

Na tarde desta quinta-feira 13, o nadador paraolímpico Daniel Dias saudou a presidenta Dilma Rousseff colocando em seu pescoço as seis medalhas de ouro que conquistou nos Jogos de Londres em 2012. Foi um ato simbólico durante a cerimônia de lançamento do programa Brasil Medalhas 2016. A partir de agora, mais do que nunca, a conquista de medalhas olímpicas é uma política de Estado no Brasil.

O plano anunciado nesta quinta prevê investimentos de 1 bilhão de reais entre 2013 e 2016. Serão gastos 310 milhões na reforma e na construção de 22 centros de treinamento, sendo 21 olímpicos e 1 paraolímpico, “talvez o melhor do mundo”, segundos as palavras do ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Os outros 690 milhões de reais vão para os atletas e técnicos, por meio de programas como o Bolsa Pódio (até 15 mil reais) e o Bolsa Técnico (até 10 mil reais), além do pagamento de custos de diárias e passagens para competições no exterior e compra de equipamentos de ponta.

O investimento será completado pelas empresas estatais, como Petrobras, Eletrobras, BNDES, Correios, Banco do Brasil, Infraero, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste. Elas já investem no esporte mas irão, segundo o ministro Aldo Rebelo, ampliar os gastos. O foco dos investimentos olímpicos e paraolímpicos serão modalidades em que o Brasil já tem tradição, como judô, natação, atletismo, e outras com potencial para conquistar medalhas, como handebol e futebol de 5 e futebol de 7 (esses dois exclusivamente paraolímpicos).

O Brasil Medalhas 2016 deixa claro que o governo Dilma Rousseff entende como prioridade a classificação do Brasil no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro-2016. O plano tem, inclusive, metas claras: colocar a delegação brasileira entre as dez primeiras nas Olimpíadas e entre as cinco primeiras nas Paraolimpíadas. As duas são difíceis, mas possíveis.

A primeira boa notícia é que, com os novos investimentos, o Brasil deve se livrar da repetição da história fatídica do atleta que, por falta de apoio, não consegue treinar e obter resultados apesar de seu potencial. Assim, vai ficar mais fácil ver histórias como a da judoca Sarah Menezes, que faz faculdade, tem boa estrutura para treinar, patrocínios privados, recebe o Bolsa Atleta e foi campeã olímpica. A segunda boa notícia é que parte dos investimentos vai para estruturas permanentes, os centros de treinamento, que servirão de legado para o país e vão ajudar não apenas os atletas deste ciclo olímpico, mas todos os que virão a seguir.

Ocorre que o plano tem pontos que exigem atenção. O Brasil Medalhas 2016 não trata da perpetuação dos dirigentes nas federações esportivas. É verdade que este mal deve ser alvo do Congresso, mas como o governo federal e as estatais colocarão muito dinheiro em jogo, é preciso garantir a meritocracia e evitar que os dirigentes usem a verba para tornar federações, ou atletas, seus reféns, como ocorre hoje. A divulgação de detalhes dos projetos deve esclarecer se e quais cuidados o governo tomou para evitar isso.

Preocupa também o fato de o plano ter data para acabar, 2016. Como sede, o Brasil obviamente tem mais interesse em ter bons resultados no Rio de Janeiro do que nas próximas edições, mas se ganhar medalhas olímpicas é uma política de Estado, ela não pode durar apenas três anos.

Por fim, o projeto não aborda o principal drama do esporte brasileiro: a falta de incentivo para a prática de esporte nas escolas e bairros. O foco do Brasil Medalhas 2016 é no topo da pirâmide do esporte brasileiro, enquanto a base segue abandonada. O governo federal, os Estados e os municípios pouco investem no esporte escolar, um reflexo da forma como tratam a educação como um todo, e menos ainda na infraestrutura esportiva. É raríssimo ver quadras e campos públicos pelo país. Nesta quinta, Aldo Rebelo e Dilma Rousseff falaram sobre a realização de uma “Olimpíada” escolar de atletismo, para estimular as crianças brasileiras a praticar o esporte, um dos que mais rende medalhas em Jogos Olímpicos. É uma ideia interessante, mas insuficiente para um país com um imenso déficit na prática esportiva.

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