Zanin no Supremo

A nomeação do advogado para a Corte representa um ganho para as instituições e para a sociedade

O advogado Cristiano Zanin. Foto: Mauro Pimentel/AFP

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O Senado aprovou, após sabatina, a indicação, realizada pelo presidente Lula, de ­Cristiano Zanin para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal. Zanin, inegavelmente, preenche com louvor os requisitos constitucionais para a investidura na condição de ministro da Corte Suprema. O notável saber jurídico e a reputação ilibada são cristalinos.

Defensor da democracia, dos direitos fundamentais e dos interesses nacionais, o causídico, demonstrando singular trajetória de dignificação da advocacia, atuou com brilho e venceu o caso mais relevante da história judicial brasileira. Em verdade, fez história com sua defesa. Para além de diversas violações aos direitos fundamentais, ao devido processo legal, ao princípio da imparcialidade da jurisdição e dos deveres impostos aos integrantes do Ministério Público, a vulgarmente conhecida Operação Lava Jato orquestrou, em detrimento da própria democracia, da estabilidade das nossas instituições e das empresas nacionais, um projeto de domínio político e de ascensão messiânica de agentes públicos. Ou seja, ao contrário de mero erro judicial, solipsismo, ativismo ou de qualquer manifestação de decisionismo voluntarista, a Lava Jato fulminou, por meio de táticas de estado de exceção, o próprio pacto civilizatório que se estabelece entre o Estado e os indivíduos.

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3 comentários

ricardo fernandes de oliveira 1 de julho de 2023 09h12
Parece que o notável saber jurídico do advogado de lula se comprova por isso. Em verdade, a indicação apenas mostra que o Brasil continua no caminho do clientelismo. Collor nomeou marco Aurélio porque era seu primo. Lula nomeou zanin porque era seu advogado. Outro poderia ter nomeado um advogado com o qual jogasse futebol
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 2 de julho de 2023 23h23
De fato, caro articulista, o advogado e atual ministro da suprema corte, Dr. Cristiano Zanin mostrou ter uma competência ímpar na defesa do caso mais emblemático da história da república do Brasil, o caso do presidente Lula. Não obstante toda a militância, dos que tinham certeza da inocência do presidente e até os cérebros mais brilhantes da terra como Luigi Ferrajoli, Celso Antônio Bandeira de Mello, Eugênio Raul Zaffaroni, Noam Chomsky, o ex ministro e então advogado do presidente Lula, Sepulveda Pertence, grandes estadistas, artistas e tantos outras cabeças privilegiadas. Foi um processo dificílimo, em que o então juiz, considerado pop star pela mídia e boa parte da população brasileira, além de ter membros das altas cortes a seu favor, militavam politicamente contra Lula, não obstante a descoberta pelo hacker de Araraquara e do jornalista Green Greenwald das conversas de conluio entre a Lava Jato e Moro. O fato é que Zanin se mostrou um advogado combativo, competente além de ter um currículo que o credencia para ocupar a vaga no STF que certamente fará jus. A outra vaga que será aberta em setembro pela ministra Rosa Weber, se me permite a franqueza, e que o presidente Lula, se vir a ler esse humilde comentário, poderia ser muito bem ocupada pelo jurista Lênio Streck, que já fora cogitado inúmeras vezes, mas porque não pelo ilustre articulista, Pedro Serrano, que também demonstra grande competência jurídica, notório saber jurídico e reputação ilibada, mas que pode, infelizmente, nos deixar órfãos de suas brilhantes reflexões nessa revista.
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 9 de julho de 2023 18h04
Caro Ricardo, também penso que Lula não deveria ter indicado Zanin, mas somente em razão dessa ligação -efêmera, apesar de tudo- advogado-cliente, pois reconheço no indicado os predicados referidos pelo Prof. Serrano. E devemos pensar o seguinte: dos ministros que validaram as primeiras condenações de Lula na malfadada Lava Jato, só três não foram nomeados nos governos do PT. O que sinaliza a falácia do argumento da “amizade” para barrar a indicação de Zanin.

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