Esporte
Vitória magnífica
As jogadoras da Seleção protagonizaram um jogo inesquecível, com todos os ingredientes de um espetáculo grandioso


A vitória espetacular da Seleção Brasileira Feminina de Futebol na Copa América ainda vai ressoar por muito tempo. A conquista não só garantiu o título, como também a classificação para as próximas Olimpíadas e para a Copa do Mundo.
As atletas brasileiras protagonizaram, contra a excelente seleção colombiana, um jogo inesquecível, com todos os ingredientes de um espetáculo grandioso. O placar, que se alternou o tempo todo, mostrou o elevado nível da disputa, que exigiu prorrogação e pênaltis, mantendo a alta voltagem.
No plano individual, a craque Marta, entre tantas estrelas da finalíssima, chegou ao ponto mais alto de sua extraordinária carreira, consagrando seu título de rainha. Sua grandeza e seu senso de responsabilidade serão, sem dúvida, frutíferos para inspirar as gerações futuras.
Marta já vinha de uma campanha vitoriosa como campeã pelo Orlando Pride, seu atual clube no campeonato americano de 2024, onde foi eleita a melhor jogadora. Pela Fifa conquistou o prêmio The Best e foi a autora do gol mais bonito daquele campeonato.
Mais que isso, ostentando o merecido posto de capitã da Seleção Brasileira, Marta fez de tudo em campo. Esse “tudo” incluiu até a perda de um pênalti, o que valorizou ainda mais seu gol sensacional, um “foguete” de rara qualidade técnica, marcado de fora da área com uma potência inimaginável.
Antes disso, para completar a mostra de seu vasto repertório, ela marcou outro gol de rara habilidade com a perna que não seria a boa, aproveitando, com puro reflexo, uma bola que parecia fugir de seu alcance. Pareceu um gol feito no susto.
É necessário louvar a Seleção, recheada de verdadeiras craques da bola, que reacenderam a paixão dos torcedores tão desiludidos. Quem também merece os louvores são o treinador Arthur Elias e sua comissão técnica, pela condução do selecionado feminino e pela harmonia revelada.
Saindo do futebol feminino, indo para o masculino, temos, seguindo o ritmo habitual das disputas, o fechamento das janelas de transferências. Os destaques foram a ida do meia croata Luka Modric do Real Madrid para o Milan; do coreano Son Heung-min para a Major League Soccer (MLS), dos Estados Unidos; e a esperada apresentação do brasileiro Estevão no campeão mundial Chelsea.
Enquanto, por aqui, a temporada caminha para o fim, na Europa as equipes começam a retornar, com sérias queixas das chamadas e desgastadas pré-temporadas. A começar pelo maior de todos, o Real Madrid, os protestos ganham força a cada dia, dada a insanidade dos calendários do futebol profissional. A direção do clube espanhol classificou a LaLiga como “viciada e manipulada”.
Saindo da pomposa Copa do Mundo de Clubes, o time mais vencedor da história do futebol teve apenas duas semanas desses falsos períodos de preparação, nos quais as equipes continuam fazendo partidas amistosas.
Vale lembrar que as ditas pré-temporadas começaram com o pretexto de iniciar cada novo ano com um período de recomposição, construindo o que chamaram de “lastro”, para resistir às disputas cada vez mais acirradas – fruto da valorização econômica das atividades esportivas.
O mesmo se repete com o rival mais tradicional, o Barcelona. Os jogadores do time se manifestaram contra a agenda lotada ao desembarcar de sua pré-temporada, após uma viagem de 17 horas, quatro delas em um ônibus saindo direto do jogo em um país distante: “Viagem de time pequeno”, disseram.
Resta ver como os jogadores poderão reagir coletivamente, uma vez que nem mesmo os cartolas suportam mais o descalabro dos calendários. Outras discussões importantes que têm acontecido dizem respeito ao Fair-Play Financeiro na Europa.
Na última semana, de acordo com o site do Globo Esporte, o goleiro Ter Stegen teve problemas com a diretoria do Barcelona, enquanto se recupera de uma grave lesão.
O atleta não autorizou o envio pelo Barça, ao Comitê Médico de LaLiga, de um relatório de saúde que permitiria ao time abater parte do salário do jogador da conta do Fair-Play Financeiro para a temporada.
As regras de LaLiga permitem que os clubes abatam da folha de pagamento parte dos salários de atletas com graves lesões. Nesse caso, a recusa do jogador inviabiliza tal pleito. •
Publicado na edição n° 1374 de CartaCapital, em 13 de agosto de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Vitória magnífica’
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