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Um sistema de esportes já

Está mais que na hora de o volume extraordinário de recursos produzido pelo esporte de alto rendimento ser mais bem distribuído pelo País

O Brasil no campeonato de Futebol para Deficientes Visuais – Imagem: Renan Cacioli/CBDV
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Encerrado no domingo 27 em ­Budapeste, na Hungria, o Campeonato Mundial de Atletismo seguiu provocando fortes emoções até os seus últimos momentos. E também me fez pensar mais uma vez no quão importante seria termos definido, no Brasil, um Sistema Brasileiro de Esportes.

Ao mesmo tempo, fomos acompanhando o crescimento acelerado dos esportes paraolímpicos – com emoções ainda maiores, dado o nível de superação de alguns atletas – e o Campeonato Mundial de Futebol para deficientes visuais, no qual os brasileiros perderam, por pouco, a chance do título, mas tiveram atuação brilhante.

Durante certo tempo, pensei num projeto de construção de centros de iniciação esportiva, com vilas olímpicas adaptadas às condições de cada comunidade – levando-se em conta, inclusive, a vocação dos lugares, suas características étnicas, regionais e geográficas.

Lembro-me de quando Pelé foi ministro do Esporte, entre os anos de 1995 e 1998, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, e houve uma tentativa nesse sentido.

Conversando com amigos sobre o assunto, ouvi muitas ponderações. Algumas delas foram, inicialmente, no sentido de que haveria prioridades anteriores.

Outros, ainda, lembraram que os estádios construídos por exigência da ­Fifa – por ocasião da realização da ­Copa do Mundo no Brasil – acabaram sendo ­subutilizados. Embora a expectativa fosse a de que essas sedes servissem para o desenvolvimento de outros esportes, como havia acontecido, anteriormente, com a construção de grandes estádios em ­Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.

O que me parece indiscutível é que o volume extraordinário de recursos produzido pelo esporte profissional – ou de alto rendimento – deve ser mais bem distribuído, atendendo, pelo menos em parte, às demandas por responsabilidade social previstas na nossa Constituição.

Neste momento, vivemos o tempo da explosão dos negócios do esporte e vemos os estilhaços sendo dispersados, se não de modo desordenado, de maneira menos consequente do que seria desejado.

Muitos dos atletas, ex-atletas e profissionais têm seus próprios institutos voltados a projetos sociais, quase sempre baseados em mecanismos de isenção fiscal, mas são insuficientes. O desequilíbrio é gigantesco. E é necessário aprofundar essa discussão.

Os grandes destaques de cada modalidade não deixariam de ter a sua valorização reconhecida largamente, mas deve haver uma estabilidade maior para os demais.

É evidente que o desequilíbrio provoca alterações não só no comportamento dos atletas e profissionais de cada modalidade, mas também no próprio desenvolvimento de cada prática.

Anunciou-se, recentemente, a determinação do Ministério do Esporte de seguir a orientação constitucional, confirmada diretamente pela combativa ministra Ana Moser.

A luta pelo próprio fortalecimento da pasta é dura – dada a tradição de ela ter sido quase sempre desvalorizada ou, ainda, de servir como massa de manobra para ajustes políticos.

Mas, se em outros tempos o esporte não recebeu o devido reconhecimento, hoje ele tem importância não só midiática – como sempre teve, diga-se –, mas também representa grande peso econômico.

É, sem dúvida, fundamental que estudemos de forma aprofundada e crítica os sistemas esportivos de outros países para, também a partir disso, estabelecermos um modelo que atenda às nossas necessidades e características.

E, apenas para não dizer que não falei de futebol, lembro aqui que, nos preparativos para a próxima Copa, começamos com os desfalques dos nossos dois maiores talentos.

Vinícius Júnior lesionou-se em partida do Real Madrid e Neymar apresenta-se ao seu novo clube, no mundo árabe, não apenas sob críticas consideráveis, como também com problemas médicos. •

Publicado na edição n° 1275 de CartaCapital, em 06 de setembro de 2023.

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