A Arca de Noé do Lula é uma beleza, leitor. Trata-se de uma construção brilhante e bem brasileira. O brasileiro é, entre muitas outras coisas, um eclético e um pragmático. E o nosso Noé o ex-presidente Lula, é brasileiro até a medula. A sua Arca, com tripulantes e passageiros muito heterogêneos, só poderia ser montada num país como o Brasil. E por um político pragmático e eclético como Lula. Por motivos evidentes, que não preciso recapitular agora, a frente superampla é importante para ganhar a eleição e, em caso de vitória, para governar.
Nada é perfeito, lamentavelmente. A Arca do Lula está ficando meio lotada e, vamos ser francos, com passageiros, às vezes, bem duvidosos. Tudo bem, queremos nos ver livres desse desastre chamado Bolsonaro. Com algumas semanas pela frente até o segundo turno, todos sabemos que a vitória não está garantida. O próprio Lula vinha avisando, há meses, que seria uma eleição muito difícil. Em almoço do qual participei, faz alguns meses, um dos integrantes mais proeminentes da Arca comentava com realismo que disputar a reeleição na condição de presidente, governador ou prefeito é “uma covardia”. Afirmação que dispensa explicações, mas que, apesar disso, vinha sendo esquecido pelos que davam a derrota de Bolsonaro como certa. Outros, a exemplo do professor Marcos Nobre, da Unicamp, advertiam desde 2021 que, apesar de tudo, Bolsonaro chegaria competitivo às eleições.
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