

Opinião
Temporada de premiações
A escolha de Vini Júnior no The Best da FIFA coroa a trajetória de um jogador que tem se mostrado determinado também no enfrentamento do racismo


Com o fim do ano se aproximando, o cenário esportivo está em pleno desenvolvimento. As transações de jogadores e treinadores, os contratos que chegam ao fim e as movimentações de bastidores marcam essa fase de balanço e transição.
Entre os assuntos mais comentados da semana estão a premiação de Vinícius Júnior e o anúncio da candidatura de Ronaldo Nazário à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Mas o futebol não é o único protagonista nesse período de celebrações. Neste ano olímpico, em que celebramos algumas conquistas, a vitória de Rayssa Leal, no sábado 14, no tricampeonato da Liga Mundial de Skate Street, fecha com chave de ouro 2024.
Também o Esporte Paralímpico continua a emocionar e a inspirar, com atuações que impressionam pela superação e dedicação. Um exemplo marcante é a trajetória do nadador Gabrielzinho, símbolo da atividade esportiva como uma manifestação, sobretudo, de vida, alegria e resiliência.
Gabrielzinho, que nasceu sem os braços e as pernas, destaca-se não apenas pelos feitos esportivos, mas pelo espírito otimista e o alto-astral.
A premiação de Vinícius Júnior, no The Best da FIFA, que aconteceu na terça-feira 17, em Doha, no Catar, foi um dos grandes marcos do ano, coroando a trajetória do atleta brasileiro.
Esse reconhecimento chegou em um momento de amadurecimento de Vinícius, que, além de exibir o seu talento em campo, tem se mostrado incisivo e determinado na hora de enfrentar o racismo. No discurso de agradecimento, o jogador não deixou de flechar seus detratores: “Disseram que eu não poderia chegar aqui, mas não estavam preparados”.
Outras solenidades também mereceram destaque, como a entrega do Prêmio Puskas, que elegeu os gols mais bonitos do ano. O gol acrobático de Garnacho, do Manchester United, e a jogada e finalização espetacular da brasileira Marta, que segue brilhando no futebol feminino, foram merecidamente reconhecidos.
Outro momento de grande emoção foi a premiação de Gui, um jovem torcedor que, aos 10 anos, luta contra uma doença rara que causa reações na pele. Gui foi homenageado como o “torcedor mais representativo”, um merecido reconhecimento do seu amor incondicional pelo futebol, com a perseverança de sua mãe, que sempre o acompanha nessa jornada.
O jogador Thiago Maia, do Internacional de Porto Alegre, também foi premiado por salvar pessoas durante a catástrofe climática no Rio Grande do Sul, no início do ano, quando nadou para resgatar vítimas das enchentes.
Ao lado das premiações, o que também marca o fim do ano é o vaivém das transferências, que continua a agitar o mercado. Um dos casos mais comentados é o do técnico português Arthur Jorge, que, recentemente, assinou contrato com um clube árabe, mas, durante uma homenagem recebida em Lisboa, onde passou parte de suas férias, afirmou: “Meu futuro é o Botafogo”.
Dessa forma, ele criou expectativas sobre o futuro do clube carioca, que, sob a direção de John Textor, tenta sustentar -se no patamar mais alto do futebol mundial.
Enquanto o futebol brasileiro segue movimentado, um tema de grande preocupação surge no cenário mundial: a crise do Manchester City. Mesmo sob a liderança de Pep Guardiola, o time vem enfrentando uma sequência de derrotas e está ameaçado na Champions League, o que gera especulações sobre o futuro do treinador e do clube.
Essa questão traz à tona uma discussão mais ampla sobre o futuro do futebol e da CBF. Ronaldo Fenômeno, que recentemente lançou sua candidatura à presidência da entidade, declarou que o futebol no Brasil “vai muito mal” e precisa de mudanças profundas. Embora não tenha declarado uma preferência, Ronaldo também elogiou o trabalho de Guardiola, um dos técnicos mais consagrados do mundo.
Temos, por fim, a questão do calendário, que continua a ser um dos maiores problemas enfrentados pelos clubes. A proposta da Superliga, que pretende reunir 96 clubes em um novo formato de campeonato mundial, tem ganhado força, gerando divisões entre os clubes.
A tendência é de que os maiores times do mundo se concentrem em torneios de elite, como o Mundial de Clubes, que será realizado nos Estados Unidos no próximo ano, e em competições de alto faturamento, deixando para trás as equipes que não acompanham a evolução do futebol.
Nesse contexto, é impossível ignorar o predomínio dos grandes eventos esportivos realizados nos Estados Unidos e nos países árabes, que, se não se destacam em campo, acabam se consagrando pela capacidade de arrecadação. •
Publicado na edição n° 1342 de CartaCapital, em 24 de dezembro de 2024.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Temporada de premiações’
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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