Opinião

Situação climática no planeta é gravíssima e Bolsonaro ajuda a piorar

Pela amostra de 2019, vocês esperam que eu deseje a alguém Feliz Natal e Próspero Ano Novo? Eu, hein

Conferência do Clima realizada em Madrid, no fim de 2019 - Foto: UNclimatechange
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No dia 4 de dezembro deste trevoso ano de 2019, publiquei neste site de CartaCapital, “Uma análise sobre o papelão anunciado do governo Bolsonaro na COP 25”.

Não deu outra. Aliás, foi pior. O País, representado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardinho “Playboy” Salles, não somente ouviu a recusa dos demais países em nos ajudarem injetando dinheiro naquilo que é nossa obrigação preservar, como ganhou o título de “Vilão da COP”, por ter-se alinhado com aqueles que, há anos, impedem que o Acordo de Paris decida sobre os mercados de carbono.

A situação climática no planeta é gravíssima, mas nosso governo ajudou a mantê-la assim, ou mesmo piorá-la, até a COP 26, em Glasgow, Escócia.

Nada a estranhar, quando num rasgo profundo de tonteira, o Regente Insano Primeiro, alerta a nação de que a TV Escola (“por esquerdista”) deseduca e Paulo Freire foi um energúmeno.

E da série “Mortos não falam”, certo tenente Ítalo Nunes, que comandava a patrulha de militares do Exército, que pregou 80 tiros no carro em que estavam o músico Evaldo Rosa dos Santos e o catador de materiais recicláveis, Luciano Macedo, matando-os, garante que o último estava armado e atirou contra os soldados, fato negado pela perícia criminal.

Pela amostra de 2019, vocês esperam que eu deseje a alguém Feliz Natal e Próspero Ano Novo? Eu, hein.

E a agropecuária? A de exportação vai bem. O Índice de Preços de Alimentos, calculado e divulgado pela FAO, depois dos estratosféricos picos, entre 2011/2014, teve um arrefecimento de 20%, de 2015 a 2018, e aí se manteve durante todo o ano de 2019. São ainda bons índices, sobretudo porque mais expressivos em carnes e açúcar, de que o Brasil, no momento, se beneficia.

Como sempre, e ad aeternum, aqueles voltados ao mercado interno continuarão sofrendo com falta de demanda, recursos de financiamento, apoio técnico, e escassos aparelhos de distribuição e comercialização.

É cada vez mais frequente o debate em sociedades econômica e intelectualmente avançadas, até mesmo no Brasil, sobre os retrocessos na democracia, caso não se diminua a desigualdade social. Foi o que tentamos entre 2003 e 2016. O Acordo Secular de Elites abortou o caminho e trouxe-nos o neoliberalismo, morto, avisado, e já enterrado no planeta. Thanks God! Mas, aqui ressuscitado por uma anta de Keds, personagem de Jaguar, em “O Pasquim” (1969-1991).

Por que, hoje em dia, poucos citam que, antes de Lula e Dilma o desemprego estava em 12% e caiu para 4%? Agora, os 13% são culpa deles? Ninguém estuda, porra!

“Só crescimento com inclusão salva a democracia”, analisa o cientista político francês Dominique Reynié. De um jeito ou outro, falam o mesmo o editor e principal analista econômico do Financial Time, Martin Wolf, analisando o legado de Paul Volcker, falecido recentemente aos 92 anos; o conhecido Thomas Piketty; o exemplar professor de economia política internacional, na John F. Kennedy School of Government, em Harvard, Dani Rodrik, em “Atacando a desigualdade pelo meio”.

Dele: “O apoio do governo à inovação precisa ser direcionado a tecnologias explicitamente favoráveis ao emprego. É possível vislumbrar um regime inteiramente novo de colaboração público-privada na empreitada de construir uma economia de bons empregos”.

Tudo bem, astronauta Pontes? Infelizmente, não as do filme “As Pontes do Toko-Ri”, 1954, dirigido por Mark Robson, e estrelado por William Holden, Grace Kelly e Fredric March.

Exceção a Belluzzo, triste não ver economistas brasileiros, nem mesmo Laura Carvalho, da Folha, atentos e incisivos sobre os caminhos do Brasil.

Inté!

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