Berlusconi, o personagem político Berlusconi, nasce de um duplo vazio – o do fim da guerra fria e o ocaso do confronto ideológico entre grandes narrativas, por um lado; e o do abalo do sistema partidário em consequência da “operação mãos limpas” por outro. Em 1993, o então empresário tomou a decisão de entrar em campo para tentar uma jogada política. Acertou em cheio – nove meses depois de fundar o seu partido ganharia as suas primeiras eleições. Por pouco, é certo, por escassas décimas, mas que foram o bastante para se instalar definitivamente no centro da política italiana, de onde não sairia mais. Até à sua morte, ontem. Um personagem.
É talvez justo começar por lembrar que Berlusconi se fez a si próprio. Não é produto de um clã, de uma família, de um aparelho – ele construiu o seu próprio império empresarial. Não herdou, não sucedeu, não continuou. Ele criou do nada. Parte do seu encanto político vem desse lado pioneiro e conquistador que sempre explorou junto dos italianos – e das italianas.
Berlusconi foi pioneiro na construção de um novo figurino político que não tinha tradição na política europeia – o de empresário político
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