CartaCapital
[email protected]Há 29 anos, a principal referência em jornalismo progressista no Brasil.
Professora da rede estadual de São Paulo escreve poema sobre sua prática cotidiana
Por Bárbara Lopes
Ser professor é ter a juventude sempre em mãos
Não para moldá-los ou fazê-los sua semelhança
Mas para preenchê-los em curiosidades
Atormentá-los com novos dizeres, pensares e possíveis verdades
Ser professor é preencher lacunas
Experimentar a racionalização de uma emoção
Enquanto passionalmente enlouquece a lógica
Se reformar, enquanto forma
Ser professor é troca
Obsessão pelo por que. O seu e o deles
Se desfazer de certezas enquanto responde a interrogações
É estar pronto quando ainda constrói
Ser professor é emprestar conhecimento até para quem diz não querer
É compreender a beleza do desleixo e do desprazer
A tristeza do tentar e mesmo assim tentar novamente
Ser professor é a angústia do querer
Do fazer e refazer sem nunca saber se findou
Ser professor é esperar e talvez ver pra crer
Mas ser professor é antes de tudo viver na vida de um outro ser
Bárbara Lopes, professora na Escola Estadual Domingos Mignoni, em Taboão da Serra (SP)
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.