Sem rodeios

O impeachment de Dilma Rousseff deve ser chamado pelo nome: golpe

A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

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Recentemente, em suas páginas oficiais, o governo Lula passou a se referir à destituição de ­Dilma Rousseff como golpe. Imediatamente criou-se um rebuliço. Vamos aos fatos. Em um processo conduzido a toque de caixa, o Congresso Nacional decidiu, entre dezembro de 2015 e agosto de 2016, que mais de 54,5 milhões de votos perderam valor e estavam prontos para ser anulados depois da condenação da então presidente da República. Dilma foi responsabilizada por um suposto crime contábil envolvendo créditos suplementares para reorganização pontual do Orçamento.

A destituição de um presidente é mecanismo previsto pelas constituições mais avançadas do mundo, inclusive a brasileira. Isso não significa, porém, que esteja totalmente protegido de interesses particulares e que não possa ser usado para tentar desestruturar processos democráticos legítimos, como o ocorrido nas eleições brasileiras de 2014. Golpes de Estado típicos, à base do uso de armamentos e do derramamento de sangue, tornam-se cada vez mais improváveis. Pode-se dizer que o que ocorreu neste início de ano no Brasil, após a eleição de Lula, com as ocupações de estradas e as invasões às casas do Executivo, Legislativo e Judiciário, foi uma tentativa, mas uma tentativa bem “fora de moda”.

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5 comentários

JAIR ALBERTO DE ARAUJO 24 de fevereiro de 2023 00h21
por mais que eu tente acreditar nessa democracia ainda tenho medo, e muito medo do que volte acontecer o que houve com a Presidenta Dilma Rousseff, e todos nós sabemos do que eles são capazes, e a única forma de que isso nunca mais volte a acontecer será com a nossa união e determinação de luta, de não aceitarmos nunca mais esse tipo de desrespeito, se a eleição majoritária se faz pelo voto, então ele deve ser respeitado, doa a quem doer, chega de golpes e de hipocrisias, o cidadão brasileiro só será respeitado no dia em que ele se fazer respeitar de verdade. E para terminar quero aquilo dizer que lugar de militar é dentro dos quartéis, e quando fora dele é na rua trabalhando e não fomentando golpe, se não quer trabalhar pede para sair, vai ser útil em alguma coisa.
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 15 de fevereiro de 2023 02h29
De fato, prezado professor Pedro Serrano, o presidente Lula, mais uma vez tem toda a razão: O impeachment da ex presidenta Dilma foi golpe mesmo. E os golpistas tiveram a desfaçatez de fundamentar o golpe alegando que a primeira mulher mandatária do país praticou as famigeradas “pedaladas fiscais”. E os crimes praticados por Michel Temer, que foram desconsiderados por esse mesmo congresso e arquivados pelo mesmo judiciário? Bolsonaro, que praticou crimes durante os seus 4 anos de governo, praticamente todos os dias, crimes de genocídio através da pandemia, crimes contra os Yanomâmi, crimes de responsabilidade fiscal, como o tal Orçamento Secreto. E Augusto Aras não denunciou nem Artur Lira recebeu nenhum pedido de impeachment, mas Dilma Rousseff, que foi chantageada o tempo todo pelo então presidente da Câmara Eduardo Cunha e por parlamentares que em seguida foram desmascarados e até condenados foi vitimizada pelo tal “impeachment”. Devemos mesmo dizer e repetir para que fique registrado na nossa história que Dilma Rousseff foi vítima de golpe de Estado parlamentar, assim como o presidente João Goulart foi vítima de um golpe militar. Agora muitos golpistas estão calados, alguns até fazem parte do atual governo, outros admitiram mas estão fora de cena, mas devemos como dever cívico repetir como um mantra: Foi um cruel e desumano golpe de Estado que Dilma Rousseff sofreu no Brasil no ano de 2016.
José Carlos Gama 14 de fevereiro de 2023 15h10
Não sou um bom comentarista, acredito que estou me aperfeiçoando na medida em que leio os bons artigos dos articulistas da carta agora, tá chegando gente aqui que esta fora de órbita. Enfim, rever conceitos sempre é bom. SALVE A DEMOCRACIA.
joachim becker 10 de fevereiro de 2023 19h03
so ist es,wenn moderne faschisten putschen. was mich nur gewundert hatte, war das schweigen der intellektuellen.wo war die geballte kraft der brasilianischen intellektuellen? wo war sie spaeter,als haddad chancenlos zerstoert wurde,zerstoert wurde von einem dummkopf,der allerdings der mehrheit der uninformierten brasilianer entsprach. und brasilien entsprechend zerstoerte.
ricardo fernandes de oliveira 10 de fevereiro de 2023 17h57
não houve golpe contra dilma. o processo de impeachment ocorreu dentro da lei e foi reconhecido como legal pelo stf. logo, alegar que é ilegal não faz sentido. quem define o sentido da lei são os tribunais, gostemos ou não. fatos: dilma fez uma política economica que acusava os adversários de quererem implantar não deveria haver impeachment para quem trai seu eleitorado? se houve golpe, porque dilma não saiu candidata a presidencia nas eleições seguintes ou agora? em 1996, nas eleiçoes municipais, dos 187 municípios com mais de 100 mil habitantes, o pt só ganhou em 8, e não abriu mão de se aliar aos golpistas nas referidas eleições. agora, de novo, o pt governa com osm golpistas. parece que o único golpista é o temer.

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