Sem direito de errar

As condições de governabilidade são mais adversas do que em 2003

Lula vai mesmo pendurar as chuteiras após quatro anos? - Imagem: Ricardo Stuckert

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Sempre que se refere à eleição de 2002, Lula se lembra de um sentimento que o tomou logo após conhecer a vitória. Estava obrigado a acertar. Não podia se dar ao luxo de tentar e, a depender das circunstâncias, errar. Sua responsabilidade era maior do que a de qualquer antecessor, oriundo do patriarcado rico e branco. Herdeiro de uma oligarquia nordestina, Fernando Collor fez o que fez e permaneceu vivo na política por 30 anos. Representante ilustre da intelectualidade paulista, nunca faltou a Fernando Henrique Cardoso a condescendência dos ricos e poderosos. Nunca lhe negaram apoio, pois o viam como igual.

Lula sabia que não seria tratado com a mesma tolerância, como ficou demonstrado desde quando mal havia começado a governar. Com pouco mais de um ano na Presidência, teve de enfrentar ataque duríssimo, antecipando outros com os quais ele e Dilma ­Rousseff seriam alvejados dali em diante, no ritmo de quase um por ano. Uma coalizão de políticos de direita, empresários, imprensa conservadora, militares golpistas, expoentes do Judiciário e outras aristocracias do serviço público, com o endosso a distância de Washington e da burguesia internacional, não deu trégua aos governos do PT.

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1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 26 de dezembro de 2022 15h49
No Brasil de tempos idos tivemos sempre a figura do analfabeto político que representa a estagnação social, uma zona de conforto cega , desprovida de qualquer consciência política consubstanciada no discurso de que se odeia a política e que política não se discute ou até mesmo assim, não discuto futebol, religião ou política. Pois bem, após o golpe de 2016 a chamada hipocondria da antipolítica evoluiu ou involuiu para a irracionalidade e o fanatismo non sense que o bolsonarismo cristalizou. Hoje vemos pessoas prostradas nas frentes dos quarteis, rezando para pneus ou para os ETs pedindo a volta do AI-5 ou mesmo a anulação das últimas eleições e que o presidente Lula não suba a rampa presidencial em 1º de Janeiro. Bolsonaro, de fato, infantilizou e imbecilizou os apolíticos ou analfabetos políticos de antanho para torna-los perigosos escudeiros e até mesmo, escudos de um golpismo que o mais surreal dos artistas célebres tal como Luis Bunuel , Antonin Artaud ou Salvador Dali teriam dificuldades de criar em suas obras. Mas Bolsonaro serviu para mostrar que convivemos com um exército de imbecis, mas não tínhamos a dimensão numérica. Lula e seu governo servirá como contraponto a toda essa irracionalidade, mas mesmo assim, por mais que faça de positivo e de políticas públicas que os beneficiem, não haverá contentamento. Para quem deseja viver num país civilizado tem-se uma esperança de se ter um governo humanamente viável e são. Graças aos deuses Lula será nosso presidente pela terceira vez e salvou o país do mais perverso banditismo político de toda a história.

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O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

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