Sempre que se refere à eleição de 2002, Lula se lembra de um sentimento que o tomou logo após conhecer a vitória. Estava obrigado a acertar. Não podia se dar ao luxo de tentar e, a depender das circunstâncias, errar. Sua responsabilidade era maior do que a de qualquer antecessor, oriundo do patriarcado rico e branco. Herdeiro de uma oligarquia nordestina, Fernando Collor fez o que fez e permaneceu vivo na política por 30 anos. Representante ilustre da intelectualidade paulista, nunca faltou a Fernando Henrique Cardoso a condescendência dos ricos e poderosos. Nunca lhe negaram apoio, pois o viam como igual.
Lula sabia que não seria tratado com a mesma tolerância, como ficou demonstrado desde quando mal havia começado a governar. Com pouco mais de um ano na Presidência, teve de enfrentar ataque duríssimo, antecipando outros com os quais ele e Dilma Rousseff seriam alvejados dali em diante, no ritmo de quase um por ano. Uma coalizão de políticos de direita, empresários, imprensa conservadora, militares golpistas, expoentes do Judiciário e outras aristocracias do serviço público, com o endosso a distância de Washington e da burguesia internacional, não deu trégua aos governos do PT.
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