Opinião

Rui Daher: A recriação na agropecuária

Em 2022, escolhendo melhor o presidente, continuaremos agro potentes e exitosos

Foto: Pixabay
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Getúlio Vargas (1882-1954), na revolução de 1930, pôs fim à República Velha. Tudo após é História, tanto tempo passado, muita leitura, mas não sei hoje em dia se continuamos Velha, Nova, mesmo uma República, ou apenas país sem futuro e rumo claros.

Mas não sei bem o que querem que eu aqui escreva. Agronegócios, como proposto no início do site? Pode ser, mas não seria mais do mesmo?

Entendo quando um cronista se cansa de escrever sobre o mesmo assunto, seja ou não um especialista. Gastronomia, por exemplo. Há miríades de cozinheiros e cozinheiras em canais abertos e fechados das telas a nos ensinarem a comer bem. Hoje à noite, tomei simples canja de galinha. Foi ótima. Amanhã, talvez, qualquer sobra do fim-de-semana, em espetacular recriação.

Não é diferente com a agropecuária. Você tem uma pequena porção de terra ou outra imensa. Prepara, semeia, deixa chover ou irriga, trata, e espera para colher os produtos que irão alimentar milhões, em qualquer parte do mundo.

Claro. Há regiões mais limitadas para isso e outras potencialmente mais afeitas. Nisto, o Brasil é um país rabudo, embora muitos ainda não o reconheçam. “Bananão” mesmo, como dizia Ivan Lessa (cansado de citar este gênio da literatura brasileira, saiam, pois, a pesquisar, jovens, ou melhor leiam-no. A veiarada que não o leu, desprezo).

Apesar dos pesarosos ministros do Meio Ambiente, o dândi Ricardo Salles, e das Relações Exteriores, o ignaro Ernesto Araújo, a falarem bobagens para o planeta, vamos bem e salvando a economia. Não temam. Amenizando tais cagadas e, em 2022, escolhendo melhor o presidente, continuaremos agro potentes e exitosos.

 

Por quê? Assim nos fizeram, sei lá quem. Provável os lusitanos ou Deus, existindo ou não, nunca impediria Pedro Álvares Cabral de aqui chegar, e daí em diante dominar, às armas e missões, os indígenas, que nunca os reconhecemos, e continuamos nós os donos dessas dadivosas terras. O mesmo ou pior com os espanhóis. De tudo esquecemos e acreditamo-nos todos brancos europeus a eles assemelhados.

Ah, colunista, e o agronegócio que aqui digitalmente te aprisiona? Uai, vixe, triste? Onde os cafés açucarados servidos em Minas Gerais? Duro tudo saber pelas folhas e telas cotidianas, assim do alto e sem a lupa. 

Recordes atrás de recordes, felicidades exportadoras atrás de felicidades exportadoras, dólar ajudando, preços de commodities estáveis ou subindo. Serão aplicados 37 milhões de toneladas de fertilizantes químicos em projetados 38 milhões de hectares para produzir 138 milhões de toneladas de soja, na safra 2020/21.

Colheitas em final de ciclo, segundo a CONAB, o Brasil produziu três milhões de toneladas de algodão. No Centro-Oeste a tendência é de aumento. Arroz, 11 milhões, 6,6% a mais; feijão, em três safras, 3,2 milhões, 5% maior que na safra anterior; milho recorde, 102 milhões; grãos de inverno (aveia, canola, centeio, cevada, trigo e triticale), área plantada 12% maior.

Serão quase 270 milhões de toneladas de grãos, incremento de 5% sobre a safra anterior e com tendência de crescimento para a próxima. O café, em ano de bienalidade positiva, girará em torno de 60 milhões de sacas beneficiadas de 60 kg. A cana-de-açúcar permanecerá estável em 642 milhões de toneladas.

Temos aí, apenas entre grãos, café e cana-de-açúcar, 4,5 bilhões de toneladas de massa vegetal nutritiva. Some-se outras, pelo menos, 60 culturas entre frutas, hortaliças, tubérculos, e passamos de 10 bilhões de toneladas (oi, matemáticos de plantão, vejam aí se não errei nos zeros, caso sim, é só tirar três deles). Isto, sem incluir cocos, jacas e melancias.

Ah, pensaram que deixaria por barato uma galhofa? Não este colunista. Será que no tal de “novo normal” essa imobilidade continuará um desagregador de valores? 

Se não mudar de ideia continuarei no assunto. Inté!  

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