Opinião

Rui Daher: 100 anos com Ana Maria Primavesi

‘Ela foi durante 99 anos, 8 meses, e dois dias, secretária de nossas vidas, diante dos afazeres e defesas que a Natureza exige’

Foto: Acervo pessoal Foto: Acervo pessoal
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Qual motivo para nos dias 30 de setembro se comemorar o Dia das Secretárias e eu estar escrevendo sobre a Doutora Ana Maria Primavesi (Áustria, 3/10/1920 – São Paulo, 5/01/2020)? Simples para um cronista.

Ela foi durante 99 anos, 8 meses, e dois dias, a secretária de nossas vidas, diante dos afazeres e defesas que a Natureza exige. Ajudou muitos a viverem melhor.

Poucos que amam e defendem a preservação dos solos, águas, fauna, flora e o ar que respiramos não conhecem quem foi e o que fez a engenheira agrônoma, escritora e professora-doutora Ana Maria.

Se a conhecem amam-na; se a desconhecem, perdem; se ficarem curiosos, leiam “Ana Maria Primavesi – Histórias de Vida e Agroecologia”, biografia escrita por Virgínia Mendonça Knabben, lançada em 2016/17, pela Editora Expressão Popular.

No final de 2018, Virgínia criou um site. Consultem.

Avisado da morte da Secretária da Natureza pela amiga Virgínia, na época, publiquei nesta CartaCapital .

Pois bem, volto. No próximo dia 3 de outubro, Ana Maria completaria 100 anos de idade e, óbvio, Virgínia e aqueles que amam a agroecologia não poderiam deixar de celebrar. Como?

Lançando “Cartilha do Solo”, texto póstumo e inédito. Mais um tesouro datilografado em papel-manteiga, encontrado por Virgínia, na herança de Ana. O mesmo dos seus outros livros. Como a “A Convenção dos Ventos”, (Expressão Popular, Viçosa, 2016), deliciosos e instrutivos contos agroecológicos.

Na “Cartilha” fica-se sabendo da vida (!) sob o solo. Vêm as condições edafoclimáticas, solo, sol, chuva, temperatura, e ao final a biota, os microrganismos benéficos. Crescem as plantas.

A ideia é que a ‘cartilha’ chegue às escolas e “seja um lugar de estudo”. Se esses jovens forem perguntar a seus pais plantadores o que é agroecologia, ouvirão: “perfumarias que não aumentam a produção e não nos dão dinheiro”. E ‘tacam’ agroquímicos.

Lendo a “Cartilha” saberão por que, minhocas, nutrientes, enzimas, fogo controlado, compostagens, turfeiras, melaço, substâncias com aminoácidos, extratos naturais de algas marinhas, ácidos húmicos e fúlvicos, “respeito e sobretudo amor”, em nada diminuirão a produção.

Formulações organominerais, pelo contrário, serão construções amorosas de secretárias como a Ana da Natureza.

Ana Maria Primavesi. Nos proteja, amor!

Não haveria momento mais oportuno para revidar ataques e agressões, hoje patrocinadas pela “Escória” (v. Zeca Baleiro) que desentende bioma, manejo de solo, excesso de agroquímicos, uso irracional da água, poluição de rios e mares, tudo o que, enfim, a agroecologia evita e defende, nela incluídas populações indígenas, quilombolas e caboclas.

Vão-se restingas, manguezais e casinhas na Marambaia. Extermina-se a cultura nacional, folclore, festanças, brincadeiras populares, piadas desarmadas. Precisou uma delicada austríaca vir ao Brasil nos mostrar a riqueza.

Divulgarei ao máximo!

Inté, Brasil que sobrou!

Nota: no sábado, 3/10, escreverei sobre o evento no GGN, transmitirei ao vivo na minha página do FB e, se em São Paulo e convidado, estarei presente.

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