Afonsinho

Médico e ex-jogador de futebol brasileiro

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Rivalidades raiz

As finais dos campeonatos estaduais ainda motivam bastante os torcedores. Mas, enquanto elas acontecem, já começa a Libertadores

Rivalidades raiz
Rivalidades raiz
Paulistão. O Santos venceu em casa – Imagem: Raul Baretta/Santos F.C.
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A Libertadores, o título mais cobiçado pelas nossas bandas, começou a esquentar nesta semana. A competição se embola com as finais dos campeonatos estaduais, que ainda motivam bastante os torcedores – estão neles as rivalidades mais palpáveis.

Quase todas as disputas estão em aberto, a começar pelo bicho-papão, o Palmeiras, que entrou devagar na ­Vila­­ Belmiro e perdeu para o Santos, por 1 a 0. O resultado dificultou um ­pouco mais a conquista do título paulista.

A tendência é que o alviverde vença em casa, no jogo de volta, no domingo 7, mas aumentou o risco de ficar sem o troféu.

No Rio, ao contrário, o Flamengo abriu seu caminho com uma vantagem substancial, de 3 a 0, sobre a revelação do ano, o Nova Iguaçu. O Nova Iguaçu, pela simples razão de ter apresentado o melhor conjunto no primeiro trimestre, cultiva a esperança de causar uma surpresa, mesmo jogando no campo do adversário. É difícil. Os deuses do futebol que se responsabilizem.

Brasil afora, os outros estaduais seguem na mesma toada.

Em Salvador, o Vitória virou o jogo de forma espetacular sobre o Bahia e venceu por 3 a 2, nos últimos momentos. O Bahia, que vinha muito bem e não tinha enfrentado dissabores nos últimos 23 jogos, perdeu na hora errada.

Situações semelhantes cortam o ­Brasil de cima a baixo. No campeonato gaúcho, o Grêmio dificultou a conquista de seu hexacampeonato depois de ter empatado com o Juventude, de Caxias do Sul, dirigido pelo seu ex-jogador e técnico, o excelente Roger Machado.

Na rivalidade ferrenha dos gaúchos, o Grêmio, se vencer o Juventude, conseguirá igualar o hexacampeonato do Internacional, superando assim o ­Colorado do meu primeiro grande mestre, Adão Dorneles, o Adãozinho.

Ainda no Nordeste, a definição se dará também entre os dois rivais tradicionais: Fortaleza e Ceará Sporting.

O mesmo acontece no Recife, com Náutico e Sport se enfrentando no sábado 6, na Arena de Pernambuco.

No caso do campeonato pernambucano, a nota triste fica por conta do episódio de violência, envolvendo torcedores e policiais, na partida de ida, no Estádio dos Aflitos.

Paralelamente às decisões estaduais, como disse no início desta coluna, teve início a Conmebol Libertadores.

O absurdo calendário fez com que o Palmeiras tivesse de jogar com um time misto – entre titulares e reservas – já pela Libertadores, na Argentina, contra o San Lorenzo. A partida, realizada na quarta-feira 3, terminou em 1 a 1.

O Grêmio teve de fazer o mesmo em seu jogo contra o The Strongest, na Bolívia. O time gaúcho perdeu por 2 a 0.

E, no meio de tudo isso, temos ainda a Copa Sul-Americana e a Copa do Nordeste, agora em suas quartas de final.

Essa loucura de enfiar uma disputa dentro da outra, obrigando os treinadores a escalar times alternativos, não entra na cabeça de ninguém.

A única coisa que justifica esse ritmo é a sanha por arrancar o máximo do público torcedor, de modo indiscriminado.

Vamos ver se, depois das decisões dos estaduais, o pretensioso Brasileirão entra nos eixos. O cruzamento entre tantos campeonatos nos deixa, inclusive, confusos.

Recebi, estes dias, mensagem de amigo torcedor do Fluminense que me dizia não entender como o Botafogo, ao vencer a Taça Rio – um turno do campeonato carioca –, está classificado para a Copa do Brasil 2025 e seu tricolor, sendo vice, não tinha direito a nada.

E se o assunto são as confusões, não posso passar ao largo de mais um episódio envolvendo John Textor, o proprietário da SAF do Botafogo.

Textor volta a apimentar o angu de caroço com novas acusações de suborno, agora contra jogadores de São Paulo, Palmeiras e Fortaleza. Na esteira das acusações, ele pediu a demissão do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues.

Quando indagado sobre as necessárias provas, ele alega que as entrega somente ao Ministério Público, procurando, novamente, desmoralizar a justiça desportiva. Vamos ver aonde vai parar essa novela. •

Publicado na edição n° 1305 de CartaCapital, em 10 de abril de 2024.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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