Opinião

Revisar velhas profecias para enxergar o futuro

Em momentos assim da História, recomenda-se analisar o passado e saber como a humanidade se comportou

As pirâmides do Egito vistas de cima. Foto: Oleg Artemʹeva
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Em setembro de 2016, publiquei coluna aqui no site de CartaCapital, onde previa as pragas e doenças que chegariam à viçosa agricultura brasileira. Não sou futurólogo, mas pessimista pensava em algo trágico, com dimensão planetária, que dificultaria a natureza e a faria ir à forra dos desaforos sacados contra ela. Peço permissão aos meus editores e leitores para reproduzir parte da “velha” coluna:

“Pragas e calamidades virão a comprometer a produção agrícola brasileira nos próximos anos. Muitas já acontecem, são conhecidas, combatidas ou não. Tantas já irreversíveis, como o relaxa e goza vindo da fúria concentradora entre os fabricantes de insumos agrícolas”.

No artigo cito os exemplos da época, atualmente, multiplicados N vezes em pouco menos de quatro anos: 

“São movimentos significativos do atual estágio do capitalismo. Negócios de produção e mercado, mas que nessa dimensão, se tornam sobretudo financeiros, o que diminui qualquer poder de barganha dos consumidores finais, enfim, da agricultura. Haverá pragas novas, porém, nelas, nem mesmo inovações tecnológicas mais avançadas afastarão seus perigos.

Em momentos assim da História, recomenda-se analisar o passado e saber como a humanidade se comportou. Para alertar caboclos, campesinos, colonos, sertanejos, ruralistas, fui buscar na Bíblia venenos e antídotos para evitarmos essas tragédias.

No Livro Êxodo 12-12, o Deus de Israel, primeiro numa boa e depois fazendo uso de 10 pragas, tentou convencer o Faraó do Egito a libertar os hebreus, lá escravizados, deixando-os caminharem pelo deserto até Canaã.

O Faraó e suas manhas (…) aceitava, prometia, jurava de pés juntos, mas não libertava os hebreus. Diante de cada paulada de Moisés e seu irmão Arão, emissários a mando do Deus de Israel, o egípcio deixava mais sofrer seu povo, e logo que a praga passava, seguia descumprindo o prometido.

Dez traulitadas, as mais diabólicas possíveis. Na última e mais cruel, Moisés e Arão foram incumbidos de jogar sobre o Egito a morte de todos os primogênitos, homens e animais (não sei como insetos foram considerados). A praga incluiu o filho do Faraó, que só então concedeu liberdade aos hebreus”.    

No texto de 2016, de forma jocosa, enumero as pragas que, na época, ameaçavam a agricultura brasileira, mas passíveis de serem evitadas. Para não estendermos o velho texto e cansar os leitores, resumo:

  1. “Não usem contadores urbanos. Apenas rurais entenderão as características de sua atividade;
  2. Esqueçam os bancos e acessem as cooperativas de crédito agrícola;
  3. Não acreditem nos chamados RTV (Representante Técnico de Vendas) das multinacionais, eles são treinados para fazê-los gastarem mais;
  4. Nunca compareçam a palestras, simpósios, workshops, sobretudo, se PowerPoint for usado;
  5. “Dias de Campo”, vocês já os têm demais, só aceitem se houver chimarrão, cerveja, cachaça, churrasco, galinhada ou buchada de bode;
  6. Não assinem revistas especializadas em agricultura. Com poucas exceções, repetem artigos patrocinados com interesse comercial, basta a empresa comprar um anúncio;
  7. Não estufem o peito quando a Globo diz que agro é tech, pop, tudo, pois não é;
  8. Dispensem consultores financeiros urbanoides ou rurais que os aconselharão a vender a propriedade para aplicar no setor financeiro;
  9. Se preferirem não seguir os conselhos, lembrem do que aconteceu com o Faraó do Egito. 

– Mas, incrédulo colunista, no artigo de 2016, assim como fez o Faraó do Egito, as pragas eram dez, e você apenas apontou nove.

– Deixei a décima em aberto para comentários dos leitores. Hoje em dia, não teria dúvidas: o planeta sofrerá com uma doença de extrema letalidade e o Brasil com um presidente de extrema insanidade.  

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