Alberto Villas

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Jornalista e escritor, edita a newsletter 'O Sol' e está escrevendo o livro 'O ano em que você nasceu'

Opinião

Quem bebe Grapette, repete!

Os jingles eram fortes nas rádios, nos anúncios nos bondes, na televisão. Produto sem jingle não sobreviveria na selva capitalista

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Adoro as postagens do meu amigo Antero Greco, no Face. De vez em quando, ele vem com umas, como se estivesse sentado numa rede pensando na vida. Esperando a brisa vir amainar um pouco esse calor do Saara.

Geralmente são longas as mensagens dele, contrariando a maioria dos frequentadores do Face, curtos e grossos. 

Gosto quando ele responde o tal do no que você está pensando? Ele leva isso a sério e responde. 

Essa semana, ele disse que estava pensando em velhos jingles, alguns que ficaram grudados pra sempre na cabeça da gente, faz décadas. 

Quem bebe Grapette, repete!

Quem bate? E o frio…

Aconteceu, virou Manchete!

Melhoral, é melhor e não faz mal

Bombril, mil e uma utilidades

Dulcora, embrulhadinhos um a um

Helmann’s, a verdadeira maionese

Se é Bayer, é bom!

Grapette, aqui em São Paulo não tem mais. Melhoral, nunca mais eu vi. Dulcora, que saudade! Helmann’s existe, mas duvido que quem passa a mão num pote na prateleira do supermercado ainda se lembra que essa sim, é a verdadeira maionese.

Os jingles eram fortes nas rádios, nos anúncios nos bondes, na televisão. Parecia que produto sem jingle não sobreviveria na selva capitalista.

Era uma época em que Nescau tinha gosto de festa e todo mundo cantava sem a menor dor de consciência: Nescau tem gosto de festa/e se prepara sem bater/Nescau é vitaminado/engorda e faz crescer!

Imagine hoje você anunciar um produto que engorda!

Lembra que o Danoninho valia por um bifinho?

Que o sabonete Lux era o sabonete das estrelas?

Lembra que, no auge da ditadura, a USTop dizia que liberdade era uma calça velha e desbotada?

Lembra quando a Brahma era a numero 1 e a Skol descia redondo?

Com ou sem slogan, sei que produtos atravessaram o século. A Maizena, a aveia Quaker, a pomada Minâncora, o chicletes Adams, o Bombril, o Guaraná Antártica, o Leite de Rosas, o Biotônico Fontoura, as pastilhas Valda, o sorvete Kibon. 

O pente Flamengo ainda existe?

E a calça de Nycron?

E a blusa de Ban-Lon?

De que adiantou o sabão Rinso martelar na cabeça do consumidor, durante décadas, que ele lavava mais branco, se quem sobreviveu foi o Omo?

[O CRONISTA TIRA UNS DIAS DE FÉRIAS, VOLTANDO RECARREGADO NO DIA 5 DE JANEIRO.]

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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