Alberto Villas

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Jornalista e escritor, edita a newsletter 'O Sol' e está escrevendo o livro 'O ano em que você nasceu'

Opinião

Quando dois mil e um terminou

Havia uma moda de listas. Uma delas mostrava que o pior lugar do mundo para ser mulher era o Afeganistão

Foto: iStock
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O futuro seria uma odisseia no espaço, mas nós, terráqueos, continuávamos com os pés no chão. Foi nos primeiros dias de julho de dois mil e um que foram encontrados poemas inéditos de Cora Coralina, que dormiam sossegados no interior de Goiás. Um deles, começa assim:

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa

De repente, a comunidade da Rocinha amanheceu colorida, um projeto da Prefeitura do Rio para dar mais cor aos tijolos aparentes, talvez inspirado em Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho: a alvorada lá no morro, que beleza!

Uma ironia do destino aconteceu ainda em julho. O comandante Rolim, presidente da companhia aérea TAM, morreu aos 58 anos, vítima de uma queda de helicóptero.

  

A lista do IDH dos países do mundo mostrou a Noruega em primeiro lugar, o Brasil o país de número 69 e, na lanterna, Serra Leoa.

Yoko Ono voou para Liverpool, na Inglaterra, e pousou no aeroporto, agora batizado de John Lennon. O sonho não acabou.

Os quatro primeiros livros da lista dos mais vendidos era: Harry Potter e o Cálice de Fogo, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, Harry Potter e a Pedra Filosofal e Harry Potter e a Câmara Secreta.

A seleção brasileira virou o jogo, venceu o Paraguai por 3 a 1 e está praticamente classificada para a Copa de 2002. Felipão respirou aliviado.

Havia uma moda de listas. Uma delas mostrava que o pior lugar do mundo para ser mulher era o Afeganistão. Para ser gay, na Arábia Saudita, para ser animal selvagem, no Zimbábue, para ser internauta, na Coréia do Norte e para ser jornalista, no Irã.

Perdemos Jorge Amado!

Uma luxuosa revista chamada A Revista publicou um hai-kai de Millôr Fernandes:

Na poça da rua
O vira-lata
Lambe a lua

Perdemos também o Doutor Christiaan Barnard, o médico que fez o primeiro transplante de coração, no Hospital Groote Schuur, na Cidade do Cabo.

O Datafolha publicou uma pesquisa para as eleições presidenciais de 2002: Lula em primeiro com 29%, Ciro em segundo com 14, Roseana Sarney em terceiro com 13, Garotinho em quarto com 10 e, na lanterna, Enéas, com 2%.

No dia 11 de setembro, o mundo parou. Duas torres do World Trade Center, em Nova York, vieram abaixo, num atentado comandado pelo saudita Osama Bin Laden.

Em outubro, começou a guerra: Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão. O Nobel de Literatura foi para V.S. Naipul e o da Paz para Kofi Annan.

Americanos em pânico começaram a receber cartas com a bactéria Antraz.

O livro O Segredo de Hitler deixou o mundo chocado: Hitler era gay!

O programa Casseta e Planeta Urgente lança um bordão que vira mania nacional: Fala sério!

A Coca-Cola chegou à cidade de Ho Chi Min, a capital do Vietnã.

O programa Fantástico, o show da vida, perde pela primeira vez no Ibope para a Casa dos Artistas, um reality show do SBT.

Numa das mais revolucionárias e polêmicas experiências da História, a empresa de biotecnologia americana Advanced Cell Technology anunciou ter criado o primeiro embrião humano clonado.

Perdemos George Harrison!

O publicitário Washington Olivetto foi sequestrado!

A nota de dois reais começou a circular!

Cassia Eller morreu!

Manchete da Folha de S.Paulo anunciou que o Brasil tem 50 milhões de miseráveis.

O McDonalds lançou o McFalafel.

Cientistas anunciaram que o universo é verde.

O ano de 2001 terminou e os automóveis não voaram.

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