Opinião

Prefeito preso, governador afastado: a decadência da ‘nova política’ de Crivella e Witzel

Durante a campanha, o prefeito do Rio profetizou a prisão de Eduardo Paes. Acabou preso antes dele

(Foto: Philippe Lima/Governo do Rio de Janeiro)
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No último debate antes da eleição no segundo turno, o prefeito do Rio Marcelo Crivella profetizou a prisão do adversário Eduardo Paes:

“Eu já disputei eleições contra pessoas do grupo do Eduardo, como o Sergio Cabral e Pezão, e eles ganharam. Mas ganharam mesmo? Eles foram presos. Vai ser a mesma coisa com o Eduardo Paes, ele vai ser preso.

Paes ganhou a eleição com 64% dos votos e, por ora, segue livre. A derrota foi a maior da história de um candidato que disputou segundo turno. Nesta terça-feira 22, a poucos dias de entregar o cargo ao rival, é Crivella quem termina preso.

Crivella foi detido pela Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro em um desdobramento da Operação Hades, que investiga um suposto ‘QG da Propina’ na Prefeitura do Rio. A investigação começou em 2018.

Seu infortúnio sela o fim de quatro anos caóticos à frente Prefeitura. Crivella foi o primeiro prefeito do Rio de Janeiro a ter as contas rejeitadas. Entre 2017 e 2019, segundo o Tribunal de Contas carioca, o endividamento total do município aumentou em R$ 17,6 bilhões para R$ 70 bilhões.

Também escapou por pouco de dois processos de impeachment. Um baseado na Operação Hades, e outro no caso que ficou conhecido como “Guardiões do Crivella”, no qual servidores nomeados pelo gabinete do prefeito e pagos com dinheiro público ficavam na porta de hospitais tentando impedir a realização de reportagens.

Na campanha pela reeleição, sobretudo no segundo turno, Crivella teve no combate à corrupção uma de suas bandeiras prioritárias. Também abusou do apoio do presidente Jair Bolsonaro. Agora, repete a sina de outro beneficiário dessa onda, o governador Wilson Witzel, afastado do cargo enquanto responde a um processo de impeachment.

O capitão comemorou o revés de Witzel como sinal de que seu governo é implacável com corruptos. Fará o mesmo agora com o bispo?

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