Não usarei mais do que duas palavras para analisar o agronegócio brasileiro em 2020. Foi bem. Simples assim, como vem sendo há vários anos, quando visto do alto e não com a lupa. Mais prestativo será vê-lo em interações com um planeta que ora se transforma ora se mimetiza. Nisto, a ignorância do governo atual o faz perdedor.
No primeiro lance, entendam-se as discussões sérias que veem impossível democracia em ambiente capitalista selvagem, aí incluídos profundos fossos sociais, destruição da vida por afrontas ao meio ambiente e intolerância diante do diverso. O mimetismo, segundo lance, está no desrespeito às tradições culturais de cada povo. Na Federação de Corporações Brasil, negar o legado de Paulo Freire (1921-1997) é um exemplo.
Outros? Hábitos e costumes que se inserem no Acordo Secular de Elites, copiados por classes subalternas, e que podem chegar até caboclos, campesinos, sertanejos e tabaréus. Onde ficou nossa revolução cultural que perdurou entre os anos 1960 e 1980? Foi preciso uma ditadura opressora para dá-la origem? E hoje em dia o que temos se não o mesmo de forma disfarçada?
Muitas perguntas, mas esperem, vocês, médios ou medievais. Vistam a carapuça, candidatos aos encantos da vida burguesa e que apoiam o Regente Insano Primeiro. Afinal, a burguesia tem seus encantos, é bonita e gostosa, como em todos os cânticos de Jorge Benjor. Questão de superestrutura. Ver Karl Marx (1818-1883) em A ideologia alemã (Editora Boitempo, 2007).
Aggiornamo il tema! Há alguns anos, a jornalista e escritora Eleonora Lucena, ainda na Folha de S. Paulo (hoje, no site Tutameia), fez-me descobrir a economista italiana Mariana Mazzucato, professora de Ciência e Tecnologia, na Universidade de Sussex, UK. Antes que fosse traduzido para o português, comprei seu livro The Entrepreneurial State (2011). Mostrava como todos os empreendimentos privados de sucesso tinham seus embriões em ações de Estado. Lembrei John Maynard Keynes (1883-1946).
Nota abelhuda: comparem o ano do nascimento de Keynes com o da
morte de Marx.
Estamos em situação de pandemia pelo coronavírus e mutações. Junto a dois outros pesquisadores, Mariana Mazzucato, também presidente do Conselho da OMS para a “Economia da Saúde para Todos” pergunta e analisa, em 7 de dezembro “Os países ricos reivindicaram 3,8 bilhões de doses, ante 3,2 bilhões de doses do resto do mundo. Assim, encomendaram doses suficientes para cobrir várias vezes suas populações, deixando o resto do mundo possivelmente em uma situação de escassez”.
Ah é, professora? Isto que a senhora não conhece o general Pazzo-Ele (italiana, entenderá) e seu exército incrustrado no ministério da Saúde do
Brasil.
Agradeço a quem me acompanhou nesta CartaCapital e a todos faço votos de mais divertimento em 2021. De preferência, sem as piadas prontas que nos chegam do Planalto Central.
Volto mês que vem. Inté.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login