Opinião

Por um 2021 com mais divertimento, mas sem as piadas prontas do Planalto

Agradeço a quem me acompanhou nesta CartaCapital. Volto mês que vem. Inté

Por um 2021 com mais divertimento, mas sem as piadas prontas do Planalto
Por um 2021 com mais divertimento, mas sem as piadas prontas do Planalto
Jair Bolsonaro. Foto: Alan dos Santos/Presidência da República Jair Bolsonaro. Foto: Alan dos Santos/Presidência da República
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Não usarei mais do que duas palavras para analisar o agronegócio brasileiro em 2020. Foi bem. Simples assim, como vem sendo há vários anos, quando visto do alto e não com a lupa. Mais prestativo será vê-lo em interações com um planeta que ora se transforma ora se mimetiza. Nisto, a ignorância do governo atual o faz perdedor.

No primeiro lance, entendam-se as discussões sérias que veem impossível democracia em ambiente capitalista selvagem, aí incluídos profundos fossos sociais, destruição da vida por afrontas ao meio ambiente e intolerância diante do diverso. O mimetismo, segundo lance, está no desrespeito às tradições culturais de cada povo. Na Federação de Corporações Brasil, negar o legado de Paulo Freire (1921-1997) é um exemplo.

Outros? Hábitos e costumes que se inserem no Acordo Secular de Elites, copiados por classes subalternas, e que podem chegar até caboclos, campesinos, sertanejos e tabaréus. Onde ficou nossa revolução cultural que perdurou entre os anos 1960 e 1980? Foi preciso uma ditadura opressora para dá-la origem? E hoje em dia o que temos se não o mesmo de forma disfarçada?

 

Muitas perguntas, mas esperem, vocês, médios ou medievais. Vistam a carapuça, candidatos aos encantos da vida burguesa e que apoiam o Regente Insano Primeiro. Afinal, a burguesia tem seus encantos, é bonita e gostosa, como em todos os cânticos de Jorge Benjor. Questão de superestrutura. Ver Karl Marx (1818-1883) em A ideologia alemã (Editora Boitempo, 2007).

Aggiornamo il tema! Há alguns anos, a jornalista e escritora Eleonora Lucena, ainda na Folha de S. Paulo (hoje, no site Tutameia), fez-me descobrir a economista italiana Mariana Mazzucato, professora de Ciência e Tecnologia, na Universidade de Sussex, UK. Antes que fosse traduzido para o português, comprei seu livro The Entrepreneurial State (2011). Mostrava como todos os empreendimentos privados de sucesso tinham seus embriões em ações de Estado. Lembrei John Maynard Keynes (1883-1946).

Nota abelhuda: comparem o ano do nascimento de Keynes com o da
morte de Marx.

Estamos em situação de pandemia pelo coronavírus e mutações. Junto a dois outros pesquisadores, Mariana Mazzucato, também presidente do Conselho da OMS para a “Economia da Saúde para Todos” pergunta e analisa, em 7 de dezembro “Os países ricos reivindicaram 3,8 bilhões de doses, ante 3,2 bilhões de doses do resto do mundo. Assim, encomendaram doses suficientes para cobrir várias vezes suas populações, deixando o resto do mundo possivelmente em uma situação de escassez”.

Ah é, professora? Isto que a senhora não conhece o general Pazzo-Ele (italiana, entenderá) e seu exército incrustrado no ministério da Saúde do
Brasil.

Agradeço a quem me acompanhou nesta CartaCapital e a todos faço votos de mais divertimento em 2021. De preferência, sem as piadas prontas que nos chegam do Planalto Central.

Volto mês que vem. Inté.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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