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A mineira Ultra Pão usa tecnologia para preservar textura e crocância dos produtos e ganhar escala

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A mineira Ultra Pão Alimentos, de Pouso Alegre, tem usado tecnologia de ponta para transformar um produto básico de padaria em negócio escalável de alimentação e logística. A empresa desenvolveu um processo que substitui o oxigênio das embalagens por gás inerte, capaz de manter pães de fermentação natural frescos por longos períodos, sem necessidade de congelamento e preservando textura e crocância.

Na prática, isso permite produzir em escala industrial e distribuir para todo o País, via e-commerce e rede de parceiros, pães franceses, pães de queijo e outras linhas especiais que chegam aos pontos de venda prontos para a finalização em poucos minutos de forno. O modelo reduz perda, simplifica a operação das padarias e supermercados e padroniza a qualidade, abrindo caminho para que pequenos estabelecimentos ofereçam “pão fresco de padaria” sem estrutura própria de produção.

Com essa combinação de inovação tecnológica e plataforma digital, apelidada de “padaria online”, a Ultra Pão mira alto. O plano traçado é alcançar 800 milhões de reais em faturamento nos próximos anos, apoiada na expansão nacional e em novas linhas de produtos de maior valor agregado.

Brasileiros no comando

Dois executivos nativos acabam de ganhar protagonismo em gigantes globais do varejo e das bebidas. Ricardo Dinelli foi anunciado como novo diretor-geral da Leroy Merlin no Brasil e tornou-se o primeiro brasileiro a comandar a operação da rede no País, enquanto Alex Carreteiro assumirá a presidência regional da Heineken para Américas e Caribe a partir de março de 2026.

Na Leroy Merlin, Dinelli sucede ao espanhol Ignacio Sánchez, com a missão de manter o ritmo de expansão de lojas, fortalecer a estratégia de integração de canais de vendas e ampliar a oferta de soluções completas para o lar, em linha com o foco da varejista em proximidade regional e eficiência operacional. Já Carreteiro, que construiu carreira em multinacionais como Nestlé e PepsiCo, chega à Heineken com o desafio de acelerar o crescimento da marca em mercados estratégicos, impulsionar a inovação de portfólio e consolidar o plano EverGreen na região, combinando disciplina operacional e liderança centrada em pessoas.

Remédio IA

A Eli Lilly fechou um acordo estratégico com a Nvidia para construir aquele que promete ser o supercomputador de IA mais poderoso da indústria farmacêutica, dedicado à descoberta e ao desenvolvimento de novos medicamentos. A máquina, um NVIDIA DGX SuperPOD com mais de mil GPUs (placas de vídeo integradas) Blackwell, vai funcionar como uma “fábrica de IA”, capaz de treinar modelos em milhões de experimentos e décadas de dados internos da farmacêutica, ampliando radicalmente a capacidade de testar e otimizar moléculas em ambiente digital.

O projeto começou a ser implantado e deve entrar em operação plena nos próximos anos e integra um pacote mais amplo de investimentos da Eli Lilly em P&D e infraestrutura nos Estados Unidos, estimado em 50 bilhões de dólares, que inclui novos laboratórios e fábricas avançadas. Parte dos modelos gerados será oferecida na plataforma TuneLab, permitindo que biotechs usem algoritmos treinados sem abrir seus próprios dados. A expectativa é encurtar ciclos de pesquisa, reduzir custos, acelerar ensaios clínicos e otimizar a fabricação e o controle de qualidade, aproximando a IA do dia a dia do paciente.

Sem motorista

A atividade de motorista de aplicativo vai desaparecer. A opinião é de Dara ­Khosrowshahi, CEO da Uber, que agitou o debate sobre o futuro do trabalho ao afirmar que os motoristas de aplicativos tendem a perder espaço para carros autônomos em cerca de uma década. Em entrevista ao Wall Street Journal, ­Khosrowshahi declarou que, em 15 ou 20 anos, veículos autônomos devem dirigir melhor do que qualquer humano e que, em dez anos, a rede da Uber será híbrida, com humanos e robôs, caminhando para uma substituição gradual dos motoristas. A frase atribuída a ele em diferentes veículos resume bem o recado: “Dentro de dez anos, teremos uma rede híbrida de motoristas humanos e robôs. A partir daí, somos nós que perderemos espaço, não o oposto”.

No Brasil, o impacto potencial é enorme, embora a chegada dos carros autônomos não esteja em pauta no curtíssimo prazo. Dados do IBGE indicam que, em 2024, perto de 1,6 milhão de trabalhadores desempenhavam a função de condutor de automóveis, aproximadamente, 824 mil por meio de aplicativos. Outras pesquisas calculam em torno de 1,7 milhão em plataformas digitais, a maioria ligada ao transporte de passageiros. •

Publicado na edição n° 1392 de CartaCapital, em 17 de dezembro de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Padaria online’

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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