Economia

Pacote de crédito: qual a novidade?

É preciso lembrar que o governo cria a recessão com suas políticas monetária e fiscal, que depois tenta remediar

Apoie Siga-nos no

O governo está lançando “pacotes” creditícios de juros abaixo do mercado através dos bancos públicos para grandes empresas – para que possam enfrentar as dificuldades do ambiente recessivo. A contrapartida é que as empresas tomadoras do crédito não poderão demitir trabalhadores. É algo anunciando como se fosse uma novidade.

Primeiro, é preciso lembrar que o governo faz a recessão com suas políticas monetária e fiscal e, ao mesmo tempo, lança com a outra mão pacotes creditícios. O governo eleva os juros da taxa Selic. Isso faz com que empresários prefiram o investimento financeiro ao produtivo. Compram títulos públicos e não compram máquinas. Mais: o governo corta quase 80 bilhões de reais de gastos previstos no seu orçamento. Isso gera desemprego de forma imediata.

O governo deveria fazer o que foi feito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na crise de 2008-9, fazer políticas expansionistas. Por exemplo, reduzir os juros Selic (para ter folga orçamentária), reduzir os juros dos bancos públicos para os trabalhadores e ampliar seus programas sociais, principalmente o programa Minha Casa Minha Vida, que gera milhares de empregos formais na construção civil.

A presidente Dilma, desde 2011, mudou a política econômica do segundo mandato de Lula. Em um quadro de grave crise internacional, a economia cresceu 4,5% ao ano entre 2007 e 2010. A presidente Dilma, em 2011, deixou de fazer políticas econômicas expansionistas, tal como fez Lula. Passou a fazer políticas que os economistas chamam de políticas pelo lado da oferta para melhorar a “competitividade” da economia brasileira. Em outras palavras, reduzir o “custo Brasil”. O governo Dilma reduziu o seu investimento e das estatais também. Além de não valorizar o consumo das famílias.

O governo, no período 2011-2014, reduziu drasticamente os juros de programas do BNDES, fez mais de 100 bilhões de reais em desonerações para as empresas, reduziu tarifas de energia para a indústria etc. E nada disso funcionou. É simples, políticas pelo lado da oferta somente funcionam quando a economia está crescendo e as expectativas são positivas. Com a economia desacelerando, como era o caso, têm apenas o feito de transferir renda aos empresários.

O pacote creditício agora anunciado faz parte do mesmo tipo de política já feito de 2011 a 2014: busca estimular empresários desanimados. Se isso desse resultado positivo, ótimo. Mas não deu e nunca dará. Mas, mais grave é que esse governo não faz políticas expansionistas desde 2011. E isso representa uma mudança de concepção cujo ministro Joaquim Levy representa apenas a continuidade do modelo e não uma mudança que ocorrera em 2015.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo