Décio Lima

Presidente do Sebrae

Opinião

Os imprescindíveis também querem participar: manifesto do Sebrae provoca COP30

Manifesto defende políticas climáticas que incluam micro e pequenas empresas e aproximem a transição ecológica da economia real

Os imprescindíveis também querem participar: manifesto do Sebrae provoca COP30
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O Brasil mais sustentável tem a inclusão dos pequenos negócios como um conceito que é pulverizado em todo o território nacional. Estamos mostrando que sem este segmento a transição climática não se completa. Os esforços estão sendo necessários, pois nas mesas de negociação, quase nunca há espaço para quem precisou salvar o próprio negócio depois de uma enchente, enfrentar perdas com secas extremas ou lidar com rupturas nas cadeias produtivas provocadas pelo aquecimento do planeta. Por isso, é necessário diminuir este afastamento, que reduz a eficácia das políticas climáticas e limita sua capacidade de gerar resultados concretos.

Para enfrentar essa lacuna, o Sebrae apresenta, na COP30, o manifesto “Por um Desenvolvimento Climático Socioeconômico Justo Centrado nos Pequenos Negócios”. O documento parte de uma premissa incontornável: sem as micro e pequenas empresas não haverá transição ecológica real. Elas representam 96% dos CNPJs brasileiros e sustentam cadeias produtivas que movimentam economias locais e garantem renda para milhões de famílias.

O manifesto critica a predominância de métricas e padrões definidos pelo Norte Global, muitas vezes incompatíveis com as realidades produtivas e climáticas do Sul Global. Esse descompasso afasta pequenos empreendedores do financiamento climático e reduz a capacidade de adaptação dos territórios, justamente onde os efeitos dos eventos extremos são mais intensos. Por isso, defendemos três princípios fundamentais: clima é desenvolvimento, verde é valor econômico e território é o ponto de partida das políticas climáticas.

As propostas seguem a lógica de aproximar a política climática dos territórios e da economia real. Defendemos a criação de Índice de Desenvolvimento Territorial Sustentável, a ampliação das microfinanças verdes e a implementação de crédito emergencial e seguro climático simplificado para apoiar quem enfrenta desastres. Metodologias municipais para créditos de carbono e o reconhecimento econômico dos saberes tradicionais. E sugerimos um Selo de Justiça Climática que una desempenho ambiental e inclusão produtiva.

Nosso objetivo é claro: democratizar o financiamento climático e ajustar a arquitetura global do clima à realidade das economias tropicais. Sem isso, continuaremos reproduzindo desigualdades e limitando a capacidade de resposta de comunidades que já sofrem os efeitos da crise. O que é essencial: o sistema internacional precisa incluir os pequenos negócios na formulação das soluções. A transição ecológica será tão justa quanto for capaz de integrar esses atores, ainda invisíveis na diplomacia do clima. Eles não querem apenas ser ouvidos. Querem participar. E chegou a hora de abrir essa porta.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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