

Opinião
Os deuses do futebol
A vitória do Manchester United na Copa da Inglaterra comprova a validade da máxima de que clássico não tem favorito


A Olimpíada de 2024, em Paris, passa a ganhar espaço na cobertura da mídia e nas conversas sobre o esporte à medida que as decisões dos torneios classificatórios, mundo afora, vão dando concretude às futuras disputas.
Ao mesmo tempo, a passagem das estações vai dando, a cada semana, feições distintas ao Hemisfério Sul e ao Hemisfério Norte.
Fala-se muito, inclusive, na unificação entre o calendário brasileiro e o europeu.
E isso parece cada vez mais perto de acontecer, com o anúncio do Mundial de Clubes 2025, já em fase de classificação entre os 32 clubes de todos os continentes.
O torneio, organizado pela Federação Internacional de Futebol (FIFA), será disputado entre os dias 15 de junho e 13 de julho do ano que vem, nos Estados Unidos.
A nova edição terá um formato diferente.
O torneio será organizado em oito grupos, com quatro times cada, que se enfrentam em turno único. Os dois melhores se classificam para as oitavas de final e haverá mata-mata em jogo único. Não haverá disputa de terceiro lugar.
Pelo Brasil, já estão classificados para participar da disputa Palmeiras, Flamengo e Fluminense.
Neste momento, tanto na Europa quanto aqui entramos na fase de definição das copas – regionais para nós e nacionais para os europeus.
Na França, deu Paris Saint-Germain no campeonato nacional. A partida serviu de despedida para Kylian Mbappé que, ao que tudo indica, está de malas prontas para o Real Madrid.
E o Real Madrid também tem um astro em fase de despedida.
Na final da Champions League, no sábado 1º, contra o Borussia Dortmund, em Wembley, o alemão Toni Kroos, de 34 anos, começará seu processo de saída do futebol profissional, vestindo pela última vez a camisa do time espanhol.
Mas, obviamente, é cedo para sabermos se não irá mesmo “cantar em outra freguesia”.
E por falar em Alemanha, na Copa deles, a Bundesliga, deu mesmo o Bayern Leverkusen.
Acabou, dessa forma, a hegemonia do Bayern de Munique no campeonato alemão – o time vinha de 11 títulos seguidos.
A grande surpresa mesmo veio, porém, da finalíssima da Copa da Inglaterra, com o Manchester United sagrando-se campeão e erguendo a taça.
O time de Erik Ten Hag fez 2 x 1 sobre o Manchester City, em Wembley. O jogo, disputadíssimo, como não poderia deixar de ser, provocou sensações inesperadas.
O retrospecto da campanha dos rivais dava amplo favoritismo ao City, que vinha da conquista do tetra no campeonato inglês. Além disso, o United vinha de um mau momento.
Mas nem mesmo os seguros britânicos conseguiram vencer os “deuses do futebol”.
As apostas eram tão favoráveis aos derrotados que o jogo deixou a impressão de um erro de avaliação por parte da comissão técnica do City, encabeçada pelo extraordinário Pepe Guardiola.
Supondo seguir a lógica evidente da superioridade do seu time e com a característica de manter a posse de bola, a equipe do City deixou o tempo correr e caiu do cavalo, perdendo um título que era dado como certo.
O jogo em si não foi bom durante o primeiro tempo. Chegou até a ter “chutões” para cima, à moda daquilo que, no interior, chamamos “jogo de fazenda”.
Causou estranheza ainda a opção do City por jogadores de estatura elevada, contrariando a orientação comum de Guardiola de privilegiar a técnica. O goleador norueguês Haaland, estrela do time, também pouco apareceu.
Em resumo, comprova-se: mais uma vez valeu a máxima de que “clássico não tem favorito”. •
Publicado na edição n° 1313 de CartaCapital, em 05 de junho de 2024.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Os deuses do futebol’
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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