Opinião

Os cabeças de planilhas e a volta da inflação dos alimentos

Se contentes, esperem melhorar. Se não, lutem para despedi-los

Os cabeças de planilhas e a volta da inflação dos alimentos
Os cabeças de planilhas e a volta da inflação dos alimentos
Foto: Marcos Santos/USP Imagens Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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Houve época em que vibrávamos quando os narradores de futebol, ufanistas, alardeavam termos “o melhor futebol do mundo”.

José Geraldo de Almeida (1919-1976) e Luciano do Valle (1947-2014) eram bons nisso, faziam-nos orgulhosos de sermos alguma coisa. Acreditávamos e, creio, éramos mesmo. Pelo menos, até a Europa descobrir a África. Se bem me lembro, isso durou entre as décadas 1960/1980. Perdemos tal condição.

Felizmente, no entanto, sem poder ficar para trás, ganhamos novo slogan: “a melhor mentira do mundo”.

Também é bom, não acham?

Percebam. Para mentir sem ser logo desacreditado é preciso uma série de fatores de inteligência não muito fáceis de conceber.

O tema é atual? Conseguiu algum “Desvio a 200 metros”, seja histórico ou estatístico? Alguém melhor do que você coonestou a mentira antes? Caso positivo, use-a como verdade.

Essa primeira parte acho a mais fácil e corriqueira. Pouco me emociona. É característica de políticos e economistas charlatães à soldo de ganhos financeiros.

Embora vez ou outra se confundam, me divertem mais as originárias da criatividade. Um tiquinho diferente entre os povos do planeta. São gostosas e, por incrível que pareçam, podem nos diferenciar de outros povos. O cinema italiano pós Segunda Guerra fez isso. Hollywood, com menos, realismo, também.

– Mas aonde, cronistinha menor, queres chegar?

– Nas rasteiras opiniões que constato, hoje em dia, em folhas e telas cotidianas.

– O normal.

– Sim, mas tão calhorda como antes foi. Poderiam mudar, como designei o melhor da mentira. Sei não estar em meu blog do GGN, mas não me custa indicar-lhes um link, de como penso:

Pois é, me informam, sem qualquer criatividade, apenas baseados em suas “cabeças de planilhas”, sobre a volta da inflação dos alimentos e pequenas recuperações do consumo interno.

Daqui em diante, divido-me entre ilações e xingamentos. Escolho as primeiras, mas se meus editores permitissem, leitoras e leitores, me concederiam saber o que acham Zé do Morro do Alemão e Almerinda de Caruaru.

Vermes, não filhos da puta, que estas sabem serem nobres.

Inflação de alimentos? Preços mais altos dos alimentos? Quem os cobram se não os atravessadores, intermediários, varejistas, supermercados, para compensarem a queda na demanda? Remarcam, suas bestas. Empresário, eu faria o mesmo, sem demanda.

Chega a mísera ajuda de 600,00 reais para os pobres. O comércio tem pequena e momentânea recuperação. Bestas, queriam o quê? Até quando?

Discute-se o teto de gastos, em continuidade à política econômica fiscalista. Foda-se a pandemia e loucura seria gastar, em situação como essa, “furar” o teto, que eu sei em que ânus está.

Brinco não. Vocês os escolheram.

Se contentes, esperem melhorar. Se não, lutem para despedi-los, assim como milhões de trabalhadores estão perdendo o emprego.

Talvez, Deus os perdoe.

Inté!

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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