Celso Amorim

celso.amorim@cartacapital.com.br

Diplomata, foi Ministro das Relações Exteriores do Governo Lula (2003-2011) e Ministro da Defesa do Governo Dilma Rouseff (2011-2015).

Opinião

‘O tiro que matou Ágatha’, por Celso Amorim

…. Não pode ser esquecido ou perdoado. Leia o poema do ex-chanceler Celso Amorim

‘O tiro que matou Ágatha’, por Celso Amorim
‘O tiro que matou Ágatha’, por Celso Amorim
A garota Ágatha Felix, de 8 anos, que foi morta por um tiro de fuzil de no Complexo do Alemão. (Foto: Reprodução/Facebook)
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O tiro que matou Ágatha

não foi uma bala perdida.

O tiro que matou Ágatha

partiu de um policial militar cioso

da orientação superior.

O tiro que matou Ágatha partiu

de quem disse que ia mirar na

cabecinha e errou o alvo.

O tiro que matou Ágatha saiu

daquela “arminha” simulada

com gesto de mão.

O tiro que matou Ágatha partiu

de uma sociedade que não

tolera negros e pobres.

O tiro que matou Ágatha saiu da

pistola na cintura de um deputado.

O tiro que matou Ágatha não

foi efeito colateral do combate

aos narcotraficantes.

O tiro que matou Ágatha não foi

desferido por mão inexperiente.

O tiro que matou Ágatha

já havia atingido Marielle.

O tiro que matou Ágatha não

pode ser esquecido ou perdoado.

Não há anistia para quem

mata uma menina de 8 anos.

Uma menina pobre e negra

que habitava uma favela

e se identificava com

a Mulher Maravilha.

Uma menina que sonhava

sonhos que não conhecemos,

mas que podemos imaginar.

Nós que temos filhos e netas

que julgamos protegidas por

situação social ou limites urbanos.

O tiro que matou Ágatha

não pode ficar impune,

Sob pena de levarmos

para sempre o peso dessa

morte em nossos corações.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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