Décio Lima

Presidente do Sebrae

Opinião

O sonho de Betinho vive entre nós

Em 2023, o governo federal lançou o Brasil Sem Fome, um programa prioritário, não apenas na retórica, mas na execução. Um ano e dois meses depois, os esforços começam a gerar resultados

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É inaceitável que o Brasil, potência global em alimentos, tivesse voltado a conviver com o fantasma da fome. Em 2022, a incúria, o desprezo e os erros das políticas públicas ressuscitaram uma realidade cruel que afligia pelo menos 33,1 milhões de pessoas, em situação de insegurança alimentar. A gestão anterior, enquanto conspirava, assistia inerte a inflação voltar, a fome se expandir, o desemprego explodir, a fuga de investidores, o fechamento de fábricas, a desvalorização do real, a queda abrupta da renda per capita e um tombo histórico no ranking das economias mundiais, agravando a fome. Em 2023, o governo federal lançou o Brasil Sem Fome, um programa prioritário, não apenas na retórica, mas na execução. Um ano e dois meses depois, os esforços começam a gerar resultados. O número de brasileiros que passam fome caiu abruptamente, para 20 milhões.

A boa notícia foi divulgada pela pesquisa do Instituto Fome Zero, encomendada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Para chegar a drástica redução deste número, o Ministério cruzou dados da Pesquisa de Orçamento Familiar e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD/IBGE). O sonho alentado do sociólogo Herbert José de Sousa, mais conhecido como Betinho, está mais vivo do que nunca e mais promissor. Com o lema “Quem tem fome tem pressa”, a campanha foi lançada nos anos 1990. Três décadas depois, o legado de Betinho está em todos os cantos do país e grita por urgência. Acabar com a fome vai além de um gesto de generosidade. É imperioso banir essa ameaça definitivamente. Nenhuma Nação pode ter a pobreza como banalidade. Para acabar com a fome, a lógica exige um conjunto de ações que precisam caminhar simultaneamente. Essas medidas estão em curso e são reflexo do desenvolvimento econômico que gera mais empregos, mais renda, mais consumo. O país cresce como um todo e volta a respirar.

Nessa equação é preciso incluir também o crescimento da renda da população, a expansão do emprego e a evolução do Produto Interno Bruto, quem vem surpreendendo a todos. O salário-mínimo, em menos de dois anos, já teve dois aumentos e os reajustes voltaram a ser acima da inflação passada. Um mecanismo inquestionável no tracionamento da economia, dada a relevância e alcance do salário-mínimo. O resultado desta política beneficia todos os brasileiros, mesmo aqueles que não têm o salário-mínimo como base ou indexador. Aliado ao bom momento econômico, as políticas públicas são fundamentais para disseminar e diminuir os índices da fome, que ainda precisam melhorados. Como bem assinalou o Presidente Lula recentemente: “Ainda estamos muito aquém daquilo que prometemos”.

Nesta lógica, nada é mais importante do que a obra humana capaz de produzir dignidade, cidadania e mobilidade por meio dos chamados programas sociais. Essas políticas públicas estão concentradas em linhas básicas de grande envergadura, como o Bolsa Família, que ano passado completou 20 anos, com pelo menos 56 milhões de brasileiros cadastrados. O protagonismo econômico precisa ser encarado como responsabilidade social, por meio da mobilização da esfera pública e privada.

O mundo sustentável e inovador precisa vir aliado ao conceito da inclusão social. O planeta sábio, com tecnologia de ponta, na era da Inteligência Artificial, precisa ter um olhar para 750 milhões de pessoas no planeta que, nesse momento, estão marginalizadas e excluídas na vida e dormem todas as noites sem ter o que comer. O Brasil vive um momento único como líder do Sul Global, do Mercosul, e do G20. Os esforços devem estar voltados para o desenvolvimento econômico e bilaterais, mas também para construção do paradigma da sustentabilidade para o planeta, naturalmente, o ser humano e suas necessidades básicas.

O Brasil tem condições de reverter este quadro e vem mostrando capacidade de propor e conduzir essa agenda global, como tem feito na questão ambiental e geopolítica. A fome não está fora do contexto do cenário de desafios que o país enfrenta. Temos a capacidade de sairmos na frente, pois temos a Amazônia e despontamos com 87% do uso de energia renovável. A nossa criatividade também permite a fluidez de manejar os conflitos naturais dos relacionamentos institucionais.

É preciso compreender e, mais, aproveitar a grande oportunidade que o Brasil vive.

Os acontecimentos permitem a construção de um mundo sustentável, inovador e com uma abordagem inclusiva. Em 2014, o presidente Lula anunciava ao mundo, que o país estava livre da mazela da forme, quando o país tinha menos de 5% da população em situação de insegurança alimentar. O mundo precisa mais de atitudes do que altitudes. À frente do Sebrae, tenho claro que o empreendedorismo, como 94% das empresas brasileiras, é o principal disseminador de renda e oportunidades.

O ano de 2024 será de muito trabalho. Não podemos dissociar a grandeza do Brasil do espírito empreendedor, de trabalho para todos nós. O trabalho é um esforço importante e imprescindível para todos aqueles que têm missões como a nossa, no Sebrae, a de protagonizar a porta de esperança segura para milhões de pessoas que ainda precisam ser abraçadas.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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